Uma ameaça iminente à saúde pública em Malhapswene

O aterro de Malhapswene, localizado nas proximidades de Darling, foi construído há cerca de 20 anos e está agora saturado. Os habitantes locais tomam as refeições em ambientes fechados, com portas e janelas fechadas, devido às moscas e ao mau cheiro que emana do aterro. De segunda a sexta-feira, as crianças que por ali passam costumam inalar os gases produzidos pelo fumo – criado por   pessoas que dependem do aterro como fonte da sua sobrevivência e decidem incinerar o lixo.

Dia e noite, os camiões do lixo fazem-se ao local. Este lugar tornou-se também um atrativo para pássaros. Titos Julião, 37 anos, pai de quatro filhos, que ganha a vida na lixeira, frequenta o local regularmente desde os 13 anos. Recolhe papel, plástico, latas e garrafas de vidro e vende-os a fábricas de reciclagem.

“Sonho com um emprego melhor que não seja como lixeiro, mas a vida não parece tratar-me de forma justa. Vou continuar a lutar aqui até encontrar um emprego estável. Quando não estou a trabalhar na lixeira, passo tempo com a minha família ou cuido dos meus porcos. Há sempre alguém a revirar o lixo. Não importa a hora do dia, mesmo sem luz. Para resolver a falta de luz, usamos algumas lanternas, incluindo as dos telemóveis. O plástico é vendido a 8 meticais por quilo.

O aterro não é apenas uma fonte de rendimento para quem vasculha o lixo com as mãos sem proteção, mas também um local para outros pequenos negócios. Aqueles que não se atrevem a espalhar o lixo oferecem comida e bebidas para venda, como sumo, água, bajias, sanduíches de salsicha (“maheu”), ovos e bolachas. No entanto, vamos concentrar-nos nas pessoas que dependem diretamente do aterro.

Júlia, de 19 anos, é solteira e visita a lixeira há 12 anos. É o seu local de trabalho de dia e de noite. Ela recolhe garrafas, plástico, latas e sucata. "Não tenho escolha. Para sobreviver, tenho de vender lixo. Esta é a minha realidade. A minha família apoia-me porque sabe que estou a fazer algo honesto.” Tal como todas as mulheres, também ela sonha em ter um marido e uma casa, mas enquanto isso o seu foco está no seu sustento, o que lhe permite viver sem ter de mendiga

Glória é um nome fictício que demos a uma senhora que conhecemos, mas que se recusou a revelar a sua identidade. Ela vende pão, sumo e água no aterro. "Senhor, o facto de o senhor e eu estarmos a falar sem problemas prova claramente que somos tão humanos como aqueles que vendem noutros locais públicos." No aterro, encontramos uma família inteira: pai, mãe e filhos, que vivem em casas também construídas com lixo, como cartão e plástico. Para nossa surpresa, encontrámos até congeladores velhos e outros utensílios e artigos domésticos, provavelmente atirados para contentores distribuídos pela cidade.

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