Podemos: Um Presente Envenenado ao Povo

 

Não há dúvidas de que o Podemos merece um cartão amarelo, pela sua postura sorrateira e vil. Não se pode normalizar o eticocidio (morte literal da ética). Este partido embora com alguns anos de vida, na ultima rat Race, teria se beneficiado sobremaneira da queda da Renamo e ascensão de Venâncio Mondlane como um dos actores mais relevante da politica domestica e um pouco mais. O Podemos surgiu como um intruso inesperado na velha dança dos gigantes políticos moçambicanos. Mas, no fim das contas, o Podemos nunca fora um novo actor muito menos um partido com aspirações de ir tão longe e uma analise a sua génese pode corroborar com essa ideia. O espírito revolucionário que se apossara de considerável universo eleitoral, cairia no mesmo tabuleiro viciado perante a incapacidade de Venâncio Mondlane de fazer algo maior como tudo indicava.

A ascensão meteórica do partido ao segundo lugar nas eleições não foi fruto de um projecto bem estruturado, nem de uma liderança coesa. Foi um efeito colateral do desespero popular por mudança, impulsionado pela credibilidade de Venâncio Mondlane, o verdadeiro motor da esperança depositada no Podemos. Mas, ao se afastar de Mondlane, o Podemos provou ser apenas um novo grupo de velhos oportunistas cujo cordão umbilical ainda jaze nas hostes da Frelimo.

“It's a disgrace to see the human race in a rat race.” A política moçambicana há muito deixou de ser um espaço de serviço público para se tornar uma corrida de ratos, onde cada um busca apenas sua sobrevivência e ascensão pessoal, sem compromisso real com aqueles que os colocaram no poder. O Podemos, que deveria ter sido um novo sopro de esperança, mostrou-se apenas mais um competidor nessa luta animalesca pelo poder, sem qualquer projecto real de mudança.

A tentativa de expurgar deputados legítimos sob pretextos burocráticos revelou o carácter improvisado da sua estrutura. Os critérios para as listas eleitorais não passaram de um exercício mecânico de preenchimento de requisitos, e não de uma escolha consciente de representantes do povo. Como na música de Bob Marley, o Podemos foi apenas mais um "rato" tentando chegar ao topo, sem estrutura nem consciência do jogo. Oh, what a rat race! This is the rat race!” É a mesma corrida suja de sempre, e o Podemos apenas juntou-se a ela.

E quando chegou o momento da verdade, o Podemos revelou sua essência. Aceitou a derrota sem resistência, sem sequer demonstrar solidariedade às vítimas da repressão pós-eleitoral. Enquanto o povo que os levou ao poder morria nas ruas, o Podemos desaparecia, sem qualquer posicionamento digno de um partido que se pretendia voz da mudança. “Some a-gonna hate, some a-gonna praise,” e o Podemos preferiu não desagradar os verdadeiros donos do jogo. Ficou calado, permitiu que o povo fosse usado e descartado, demonstrando que, no fim das contas, nunca esteve do lado das vítimas, mas sim do sistema.

O Podemos foi um presente envenenado ao povo moçambicano, um balão de esperança inflado artificialmente, que estourou no primeiro contacto com a realidade política do país. “Don't forget your history; know your destiny.” O povo moçambicano já viveu promessas vazias demais para cair nesse truque novamente. O Podemos quis correr com os ratos, mas esqueceu que, sem estratégia nem força, acabou apenas como mais uma peça descartável do jogo.

Bob Marley, em Rat Race, já previa a natureza cruel do jogo político. Enquanto os partidos correm loucamente pelo tacho, o povo é apenas um trampolim descartável para suas ambições. O Podemos, que poderia ter sido um agente de transformação, revelou-se apenas mais um rato nessa corrida, buscando espaço na mesa do banquete do poder. Mas o que diferencia um rato bem-sucedido de um rato descartável é a astúcia. E, ao que tudo indica, o Podemos nem isso tem.

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