Localizado no extremo sul de Moçambique, na província de Maputo, e estendendo-se por uma costa de beleza intocada, o Parque Nacional de Maputo afirma-se como uma referência nacional no âmbito da conservação da biodiversidade. A reportagem do jornal Preto e Branco escalou até ao parque para compreender a dinâmica entre esta área protegida e as comunidades vizinhas, revelando um modelo de coexistência baseado na sensibilização e em projetos de desenvolvimento alternativos.
De acordo com uma fonte do Parque, a instituição tem trabalhado na consciencialização das comunidades circunvizinhas. "O Parque Nacional de Maputo não é um projecto, é uma instituição do Estado que tem como missão obrigatória a conservação desta área", sublinhou a fonte, estabelecendo desde logo o seu papel fundamental.
Convivência e Desafios nas Zonas -Tampão
Nas imediações do parque, existem comunidades, como a de Machangulo, localizadas na chamada zona-tampão. Para quem vive nestas áreas próximas ao parque, há regras específicas a cumprir. "Tem certas desvantagens", explica a fonte. Isto significa, por exemplo, que não podem aproveitar-se livremente dos recursos naturais do parque, uma vez que é uma área de conservação onde qualquer actividade prejudicial ao meio ambiente é estritamente proibida.
Projetos Alternativos: A Chave para a Sustentabilidade
Para contornar esta limitação e evitar que as comunidades dependam exclusivamente dos recursos protegidos, o Parque Nacional de Maputo, frequentemente em parceria com outras organizações, implementa diversos projectos alternativos. O objectivo é claro: apoiar a sobrevivência e o desenvolvimento socioeconómico local de forma sustentável.
Um exemplo vital destas iniciativas centra-se na conservação de ecossistemas marinhos críticos. A comunidade de Machangulo, por exemplo, possui mangais que funcionam como berçários essenciais para a vida marinha. "É a área que faz parte do Parque Nacional de Maputo. A área marinha é conservada, são locais onde há multiplicação de espécies, nos recifes e corais, nos mangais. São áreas sensíveis", enfatizou a fonte.
O Papel do Parque: Conservar para Prosperar
A proteção destes santuários marinhos é crucial para garantir a sustentabilidade dos recursos pesqueiros a longo prazo. "O peixe que sai na costa do Tolo, e noutros cantos, multiplica-se nestas áreas aqui e depois vai para o oceano, onde os pescadores vão pescar", ilustrou a fonte. Por outras palavras, conservar estes viveiros naturais significa assegurar o futuro da pesca para as gerações presentes e futuras.
Neste contexto, o Parque construiu e concentrou os pescadores num Centro Comunitário de Pesca (CCP), que serve como um local de sensibilização e organização. "Não se trata exactamente de proibir pescar, mas sim de os pescadores saberem quais as espécies em vias de extinção, quais as zonas que não devem ser pescadas e quais as zonas sensíveis", explicou a fonte. Através de campanhas de sensibilização e apoio, promove-se o uso de práticas de pesca sustentáveis, banindo métodos destrutivos.
Mudança de Comportamentos: Do Passado ao Presente
Estas acções já mostram resultados tangíveis. Antes da intervenção mais direta do Parque, eram comuns práticas nocivas, como a utilização de redes de pesca de malha não recomendada, que capturam espécies jovens impedindo a sua reprodução, e a caça furtiva, que era uma actividade intensificada. "Mas agora já não acontece", testemunha a fonte, destacando a eficácia do trabalho contínuo de educação e fiscalização.
Em suma, o objectivo do Parque Nacional de Maputo é duplo e interligado: assegurar a proteção total da área de conservação e, em simultâneo, ajudar as comunidades a desenvolverem-se e a coabitar de forma harmoniosa com os recursos naturais que as rodeiam. Este modelo demonstra que a conservação e o desenvolvimento comunitário podem, e devem caminhar de mãos dadas.

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