Médicos anunciam greve silenciosa a partir de 1 de Julho em Nampula

Os médicos afectos ao Hospital Central de Nampula (HCN), uma das principais unidades hospitalares do norte de Moçambique, anunciaram que irão iniciar uma greve silenciosa a partir do dia 1 de Julho. A acção consiste em terminar o expediente às 15h30 em ponto e recusar-se a realizar horas extraordinárias, mesmo em situações de emergência.

A decisão surge na sequência de reivindicações antigas que, segundo os profissionais, têm sido ignoradas pelas autoridades. Entre as principais queixas estão atrasos no pagamento de subsídios, excesso de carga horária, falta de materiais médicos e condições inadequadas de trabalho. Acresce ainda a ausência de incentivos para quem realiza serviços nocturnos ou em regime de urgência.

“Estamos a trabalhar no limite. Há falta de medicamentos, de equipamentos, e continuamos a ser tratados com total indiferença. Esta é uma forma pacífica de protesto, mas também de alerta”, afirmou um dos médicos.

Apesar de silenciosa, a paralisação poderá afectar significativamente os serviços hospitalares, nomeadamente os sectores de urgência, internamento e consultas externas, onde a presença médica além do horário normal é crucial.

A direcção do hospital já foi informada da decisão, mas ainda não emitiu um pronunciamento público. Sabe-se, contudo, que decorrem contactos internos para tentar encontrar uma solução antes do início da greve.

O Ministério da Saúde, até ao momento, também não se pronunciou sobre a situação. No entanto, cresce a pressão por parte de associações médicas e da sociedade civil para que sejam iniciadas negociações sérias. Estas entidades sublinham que a degradação das condições laborais dos profissionais de saúde compromete directamente a qualidade dos cuidados prestados à população.

Entre os utentes, o clima é de apreensão. Muitos temem que a paralisação traga ainda mais dificuldades ao já fragilizado sistema de saúde público. “Se os médicos pararem, quem é que nos vai atender?”, questionou uma cidadã à saída do hospital.

Caso não haja respostas concretas até ao final de Junho, os profissionais prometem manter a sua posição, podendo a greve alastrar-se a outras unidades sanitárias do país.

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