
Tudo aconteceu numa tarde solarenga na associação dos Músicos Moçambicanos (AMMO), quando deparámo-nos com o conceituado músico moçambicano em pleno ensaio com a sua banda. Quando espreitámos na sala todos demonstram uma enorme satisfação na face. Ficámos com a vontade de conversar com o artista. É de enaltecer a sua prontidão no fim de duas intensas horas de ensaio!
Quem é Filipe Nhas savele?
Filipe Nhassavele é um músico moçambicano, que nasceu na província de Inhambane, numa família em que quatro irmãos são músicos, nomeadamente Zacarias Nhassavele, Benjamin Nhassavele, Tomás Nhassavele e Filipe Nhassavele.
Quando é que abraçou a carreira musical?
Comecei a subir aos palcos em 1985. Antes andava por aí a tentar fazer música. Não sei quando é que exactamente comecei a aprender música, mas os instrumentos musicais existiam em qualquer esquina da minha família.
Que mensagens podemos encontrar nas suas compo sições?
A característica principal das minhas músicas tem sido a crítica social. Falo da política e amor, mas à minha maneira.
O que é ser músico em Moçambique?
Ser músico em Moçambique é abraçar uma profissão sem garantias. Não quero dizer que não se pode viver da música, mas o banco, por exemplo, não financia os músicos. Se marcas um espectáculo e não comparece ninguém, se não tens suporte aí é complicado. A mim a profissão satisfaz. A música atinge a alma, transforma as minhas tristezas em alegria, quando pego numa guitarra tudo passa suavemente. Ser músico é dar a sua voz à sociedade, transmitir o que a sociedade pensa porque não tem capacidade, pelo que o músico divulga o dia-a-dia da sociedade.
É possível viver da música em Moçambique?
É possível, embora seja difícil. Conheço músicos que vivem da música. Mesmo eu vivo da música; sou assistente--estagiário na ECA e também dou aulas particulares.
XABUBA É UM MARCO ao longo da sua carreira quais foram os momentos positivo e negativo?
O momento positivo foi quando gravei Xabuba, em 1991, tendo lançado o vídeo no mesmo ano e ganhei popularidade. Momento negativo foi quando o líder da banda Alakavuma, Zeca Muracy, ficou doente. Ainda sofre de perturbações mentais.
É membro da associação dos Músicos Moçambicanos?
Sim, sim… sou secretário provincial dos músicos e tenho as minhas cotas em dia.
O que se pode fazer para assistir o músico na vertente social?
Na área musical ainda faltam regras que garantam uma assistência social condigna do músico. A nova direcção estabeleceu uma parceria com a Associação dos Médicos Moçambicanos, onde o músico pode beneficiar de assistência médica, mas não inclui medicamentos. Estamos a estudar uma forma de todos os músicos contribuírem para a sua segurança social por intermédio do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS)… mas lá está, é normal um artista ficar um mês sem realizar um “show”
Qual é o grande sonho de Filipe Nhassavele?
O meu sonho é continuar a fazer música e ganhar, à semelhança de tantos outros, a minha vida com base na arte. Gostava de ver os meus direitos de autor respeitados. Acabar--se também com a pirataria, ela faz com que empresas discográficas não apostem em Moçambique e neste exercício o Governo e os músicos perdem. Gostaria que instrumentos musicais fossem produzidos localmente e, se for necessário importar determinado instrumento, que a importação beneficiasse de isenção de pagamento de direitos aduaneiros, e, por fim, a criação de mais escolas e universidades de música. Quantos discos tem editados?
Tenho quatro (4) discos: dois em dueto e dois a solo… também tenho nove vídeo-clips editados.
Tem beneficiado do apoio familiar na sua carreira?
Tenho tido muito apoio quando estou empenhado no meu trabalho. Tem havido espaço para permitir a produtividade, criando-me tempo e espaço. Quando fui à universidade tive muito apoio da minha família, pelo que agradeço bastante.
Qual é a sua formação?
Sou licenciado em Música pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM), defendi em 2010, o meu tema foi “Construção da Super Cultura em Moçambique” e o caso de estudo é Ngoma Moçambique.
GOSTO DE LER
como tem preenchido os tempos livres?
Não sei se tenho tido tempos livres… trabalho quase todos os fins-de-semana, mas se não tiver nada para fazer gosto de assistir um bom filme, conversar com a família e, sobretudo, dedicar um tempo à minha maior paixão, que é a leitura.
Qual é o livro que está a ler?
Gosto de livros científicos. Terminei agora o livro “Geografia dos povoamentos” … e tenho lido a Bíblia.
Que músicos o inspiram?
Eu admiro toda música bem tocada, embora haja expoentes como Zé Mucavel, Xidiminguana e também a força da juventude. Não sei se é por ter estudado, mas admiro também Jimmy Dludlu, Bob Marley e Luck Dube.
Pode mencionar alguns prémios conquistados?
Ultimamente conquistei poucos prémios. Xabuba ganhou o prémio revelação no programa Masseve na TVM 1991 e ganhei o Prémio Imprensa no Ngoma 1997.
Algum trabalho em vista?
Estou a negociar com empresários para lançar um “The best” reunindo alguns dos meus melhores trabalhos.
Tem alguma mensagem especial para os seus fãs?
Continuem a confiar em mim, serei sempre o Filipe Nhassavele. A escola não me tirou da circulação. Gosto de tocar. Estou a participar numa campanha de educação fiscal com a Autoridade Tributária com vista a sensibilizar as pessoas para adquirir NUIT e pagar impostos.

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