Economia Azul: Jovens Moçambicanos na Linha da Frente da Inovação

Por ocasião da conferência internacional realizada em França sobre Economia Azul, Moçambique encontrou uma oportunidade para reflectir sobre o potencial que o oceano Índico representa para o seu desenvolvimento sustentável.

Com uma extensa linha costeira, o país reúne condições naturais únicas para alavancar iniciativas ligadas ao mar. Contudo, num contexto de mudanças climáticas, erosão costeira e crises ambientais, tornou-se urgente repensar o papel do oceano não apenas como recurso de exploração, mas como espaço de protecção e inovação. Foi neste espírito que nasceu o projecto 'Economias do Índico', liderado por jovens e organizações parceiras locais.

A génese da iniciativa

Segundo Gabriel Tembe, um dos rostos do projecto, a conferência em França serviu como inspiração:

“Em Moçambique sofremos de mudanças climáticas e várias outras intempéries. Realizar uma conferência neste âmbito foi uma oportunidade para reflectirmos sobre Economia Azul e Economia Circular. Pensamos: temos o oceano Índico, porque não aproveitá-lo como espaço de inovação e preservação?”

Do verde ao azul

Tradicionalmente, quando se fala em proteção ambiental, a narrativa moçambicana centra-se nas florestas, no desmatamento e nas árvores. Para Tembe, essa visão está incompleta:

“Sempre pensamos no verde. Parece que estamos a esquecer dos oceanos. Esta conferência veio para nos lembrar que o oceano também é uma parte importante do nosso ambiente.”

Competição de ideias: criatividade juvenil em destaque

A primeira edição contou com 37 jovens participantes. Desses, oito chegaram à fase de apresentação de modelos de negócio (Business Model Canvas).

Após avaliação, quatro projectos foram seleccionados para a 'batalha do pitch'. Dentre eles, duas ideias de negócio serão premiadas na conferência de 30 de Outubro, recebendo acompanhamento técnico e apoio de parceiros para sua implementação.

As propostas apresentadas foram maioritariamente elaboradas por estudantes e recém-formados em áreas ambientais, como gestão ambiental, ecologia, oceanografia e química marinha, um sinal de que o capital humano moçambicano está preparado para inovar no sector azul.

Desafios e limitações

O maior obstáculo, segundo Tembe, esteve no alcance do público-alvo:

“Queríamos chegar a 200 jovens, mas não conseguimos. A Inclusão, organização promotora, tem apenas um ano de existência e ainda não é muito conhecida. Usamos sobretudo as redes sociais e isso limitou o impacto.”

Ainda assim, a avaliação é positiva: o número de ideias recebidas, a qualidade das propostas e a mobilização inicial indicam que o projecto tem potencial de escalabilidade para outras províncias, sobretudo as costeiras.

Olhando para o futuro

Embora ainda não exista um plano definido de expansão, os organizadores ambicionam realizar o projecto com regularidade anual ou bianual. O próximo passo será avaliar, com os parceiros, a possibilidade de replicar a iniciativa em todo o litoral moçambicano.

“Esta foi apenas a primeira edição. Queremos que o projecto seja regular e que alcance mais jovens, dando-lhes espaço para expressar e implementar as suas ideias de economia azul e circular.”

Considerações finais

O projecto Economias do Índico surge como uma das primeiras tentativas estruturadas de inserir a juventude moçambicana na agenda da Economia Azul. Ele mostra que, apesar das dificuldades de comunicação e alcance, há uma geração preparada para transformar o oceano Índico não apenas em fonte de recursos, mas em espaço de inovação sustentável.

Em seguida, serão apresentados alguns projectos dos jovens participantes, o que trará uma ideia do que foi o treinamento e do que os jovens estão dispostos a fazer neste contexto de protecção dos oceanos.

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