Director de Escola Privada Suspeito de Equipar Instituição com Material Rouba

Um caso insólito e alarmante está a abalar o sector da Educação em Maputo, o proprietário de uma escola privada é acusado de liderar um esquema de roubos de carteiras em várias escolas públicas, com o intuito de equipar a sua própria instituição de ensino.

Entre as escolas lesadas encontra-se a Escola Primária Unidade-23, localizada no bairro de Chamanculo. A directora da escola, visivelmente abalada, tem-se empenhado nas últimas semanas na recuperação do mobiliário escolar furtado, que comprometeu gravemente o normal funcionamento das aulas.

Segundo a Polícia da República de Moçambique (PRM), o alegado responsável pelo esquema é o proprietário de uma escola privada que terá beneficiado directamente dos materiais roubados. O indivíduo, identificado como Armando Joaquim, nega envolvimento directo no crime, alegando ser apenas o financiador da instituição e desconhecer a proveniência das carteiras adquiridas.

Contudo, as investigações apontam para uma rede bem organizada, com indícios de premeditação e distribuição dos bens furtados entre diferentes instituições privadas. As autoridades continuam a investigar a extensão total do esquema.

A situação agrava-se com a descoberta do envolvimento de um guarda da Escola Primária Unidade 23, que terá facilitado a entrada dos cúmplices nas instalações. Segundo informações avançadas pela PRM, o guarda  Manuel Silva colaborou activamente no furto, tendo violado a confiança que lhe foi depositada enquanto servidor público.

De notar que, ao contrário de muitos vigilantes escolares em situação precária, Silva encontrava-se já integrado nos quadros do Ministério da Educação, gozando de estabilidade laboral. A sua participação no crime chocou a comunidade educativa, dado o seu estatuto e responsabilidade enquanto funcionário do Estado.

A perícia realizada no local do crime e os depoimentos recolhidos reforçam a tese de envolvimento directo do referido guarda, que se encontra actualmente sob custódia policial.

Apesar de algumas carteiras terem sido já recuperadas, a quantidade encontrada não corresponde ao total de material reportado como desaparecido na Unidade-23. Este facto leva as autoridades a crer que outras escolas públicas terão igualmente sido alvo do mesmo esquema, embora ainda não tenham sido identificadas.

A polícia continua a reunir provas e a recolher denúncias de outras instituições, no sentido de mapear completamente a rede de furtos e responsabilizar todos os envolvidos.

O caso provocou uma onda de indignação entre pais, encarregados de educação e professores. Muitos manifestam-se revoltados com o facto de recursos públicos já escassos  estarem a ser desviados para benefício de privados.

"É inadmissível. Enquanto os nossos filhos sentam-se no chão por falta de carteiras, há quem enriqueça às custas do ensino público", afirmou revoltado António Mucavel, pai de um aluno da escola lesada.

Os professores também se mostram desmoralizados com a situação. “Estamos a lutar com poucas condições e agora ainda temos de lidar com furtos. Isto descredibiliza todo o sistema”, lamentou a professora Rosa Nhantumbo.

A PRM garantiu que as investigações prosseguem com prioridade máxima e que serão feitas diligências para identificar outros envolvidos e recuperar todos os bens desviados.

O proprietário da escola privada encontra-se sob investigação formal, podendo responder por receptação de bens furtados, associação criminosa e prejuízo ao erário público.

Este caso lança um alerta sério sobre a fragilidade das instituições públicas e a necessidade urgente de rever os mecanismos de protecção do património escolar. Num país onde o acesso a uma educação digna ainda representa um desafio para milhares de crianças, crimes como este não podem passar impunes.

Veja nossas noticas por categoria

Anuncie

aqui

Conversar

Ligue: +258 845 784 731