No âmbito das celebrações dos 50 anos da Independência de Moçambique, a Associação Kulungwana apresenta a exposição que encerra oficialmente o seu ano expositivo com chave de ouro. A mostra inaugura no dia 20 de Novembro, às 17h30, na Galeria Kulungwana, situada na Estação Central dos CFM, em Maputo, e tem curadoria de Rodrigo Bettencourt da Câmara e Grant Lee Neuenburg.
“Chovha xitaduma” propõe uma reflexão profunda sobre o papel central da fotografia na construção da identidade cultural moçambicana. Desde 1975, a fotografia consolidou-se não apenas como um meio de registo, mas como uma linguagem essencial para narrar e imaginar o país. Ao longo de cinco décadas, formou-se um movimento coeso e intergeracional, profundamente comprometido com a memória coletiva, a resistência e a transformação social.
No centro desta história está Ricardo Rangel, figura fundadora cujo olhar crítico e humanista influenciou todas as gerações seguintes. Ao seu lado, fotógrafos como Kok Nam e Funcho documentaram momentos decisivos da revolução, da independência e da guerra civil, criando um arquivo visual indispensável para compreender a história recente do país. Paralelamente, Sérgio Santimano trouxe um rigor técnico e uma diversidade estética que ampliaram os horizontes da fotografia local.
A geração seguinte, da qual fazem parte José Cabral, Moira Forjaz e Rogério Pereira, introduziu uma dimensão mais autoral, fundindo a poesia visual com o documento. A apresentação da exposição "Momentos", de Rogério Pereira, na Fundação Calouste Gulbenkian em 1981, marcou, aliás, um importante reconhecimento internacional.
A partir dos anos 1990, a fotografia moçambicana expandiu-se decisivamente para o campo da arte contemporânea. Artistas como Ângela Ferreira, Filipe Branquinho, Mauro Pinto, Félix Mula e Mário Macilau consolidaram a relevância global desta produção através da sua presença em prémios e exposições internacionais.
Actualmente, o sector mantém a sua dinâmica graças a um forte compromisso com a formação. Félix Mula e Rafael Mouzinho têm um papel central na educação de novas gerações, enquanto nomes como Amílton Neves Cuna e Thandi Pinto representam uma nova vaga de artistas, cuja linguagem contemporânea continua a expandir os horizontes estéticos e críticos da fotografia moçambicana.
Apesar do reconhecimento internacional, persistem fragilidades estruturais, como a falta de um mercado de arte consolidado e de instituições de arquivo. Contudo, a fotografia moçambicana não para de se reinventar, transformando a escassez em criatividade e demonstrando uma força colectiva que verdadeiramente empurra para a frente.

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