O presente Cartão Amarelo dirige-se de forma inequívoca à Governadora da Província de Gaza, Margarida Mapandzene, pela conduta vergonhosa e moralmente inaceitável que protagonizou ao oferecer, em nome de uma província assolada pela seca e pela fome, uma quantidade desproporcional de produtos agrícolas ao Presidente da República. Este gesto, além de uma afronta à dignidade do povo de Gaza, representa um atentado ao bom senso, à ética e ao respeito pelas vítimas de uma crise humanitária que se prolonga há anos.
Enquanto milhares de famílias lutam diariamente para garantir um prato de comida e percorrem quilómetros em busca de água potável, a Governadora optou pelo espetáculo da bajulação, desviando-se completamente do seu dever fundamental: proteger e servir a população. A seca em Gaza não é um episódio isolado; é uma tragédia persistente que ceifa vidas, desestrutura famílias e perpetua ciclos de miséria. No contexto de escassez extrema, exibir abundância e ofertar produtos em excesso constitui não apenas insensibilidade, mas uma provocação directa ao sofrimento colectivo.
Embora práticas de bajulação e servilismo político tenham sido uma constante na história do partido no poder, a conjuntura actual mostra que tais actos já não são aceitáveis. A sociedade civil moçambicana demonstra hoje maior vigilância e capacidade crítica, recusando-se a tolerar espectáculos de submissão política enquanto a fome e a carência atingem as camadas mais vulneráveis. Este episódio evidencia, portanto, uma mudança de postura da população e da sociedade civil, exigindo maior responsabilidade e ética dos dirigentes públicos.
O gesto da Governadora, longe de ser protocolar ou inocente, revela uma acção política calculada, destinada a agradar ao Chefe de Estado em detrimento das necessidades da população. Gaza não precisa de encenações nem de ofertas simbólicas a figuras do poder central; precisa de políticas eficazes de mitigação da seca, de infraestruturas de irrigação, de apoio agrícola sustentável e de distribuição de alimentos. Ao falhar neste dever, Mapandzene demonstrou total desconexão com as prioridades de quem governa.
Mais grave ainda é a mensagem que este gesto transmite ao país. O ato reforça a cultura do “lambebotismo”, essa prática de servilismo que corrói as instituições públicas em Moçambique, colocando interesses pessoais e cálculos de poder acima da moralidade, da ética e do compromisso com os mais vulneráveis. Ao invés de ser porta-voz do sofrimento do seu povo, a Governadora tornou-se cúmplice de um sistema que normaliza o sofrimento e transforma a pobreza em moeda de troca para ganhos políticos.
Enquanto isso, os relatos de Gaza são claros e devastadores: campos secos, gado dizimado, crianças subnutridas e comunidades inteiras em desespero. Em face de tal realidade, é inaceitável que a líder provincial exiba abundância e a transforme em espetáculo de dádiva política. Este comportamento evidencia que Margarida Mapandzene governa para agradar ao poder central e não para servir a população, usando o sofrimento do povo como instrumento de promoção política e alimentar a máquina de propaganda.
Um governante que não sente a dor do seu povo não merece o cargo que ocupa. A seca em Gaza exigiria solidariedade, planeamento estratégico e execução de respostas concretas: distribuição de água potável, subsídios alimentares, reforço à produção agrícola resiliente e políticas públicas de apoio às comunidades afectadas. Nada disso se traduziu em acções concretas; prevaleceu o gesto teatral.
Ao se curvar perante o poder central, Margarida Mapandzene esqueceu que os cidadãos de Gaza a confiaram para ser sua voz, guardiã e protectora. Em vez de clamar por recursos e soluções, escolheu a bajulação, a encenação e a rendição total ao jogo político, ignorando a realidade nua e crua de milhares de famílias que vivem na incerteza da próxima refeição.
Não se trata apenas de um erro pontual, mas de uma falha de carácter e de liderança. Este episódio revela uma cultura política de desprezo pelo sofrimento humano, que perpetua ciclos de pobreza e dependência. A seca em Gaza poderia ser enfrentada com políticas de longo prazo: construção de represas, perfuração de furos de água, distribuição de sementes adaptadas ao clima e apoio técnico aos camponeses. Contudo, tais acções foram substituídas por encenação e servilismo político.
A oferta feita ao Presidente não é apenas imoral; é simbólica do estado de degeneração da política moçambicana. Representa o esvaziamento da função do Estado, que deveria servir o povo, e não ser usado como palco de bajulação. Enquanto a maioria passa fome, os líderes encenam abundância. Este gesto evidencia ainda a incapacidade do sistema político de se regenerar, premiando o ridículo em detrimento da seriedade.
Mais do que um simples ato, trata-se de um sinal claro de insensibilidade social. Quando uma liderança provincial opta por mascarar a realidade em vez de enfrentá-la, falha não apenas na sua missão, mas agrava a desconfiança entre governados e governantes.
Por estas razões, este Cartão Amarelo não é apenas simbólico; é um apelo firme à responsabilização política. Exigimos que a Governadora seja publicamente repreendida pelo atropelo à lei de probidade pública e pela total falta de respeito ao povo de Gaza. O Governo central deve reconhecer a gravidade desta ofensa moral e tratá-la com a seriedade que merece. Gaza precisa de liderança comprometida, não de representantes que usam o sofrimento alheio como palco de bajulação.
O povo moçambicano já demonstrou cansaço em relação a governantes que esquecem a quem devem servir. Margarida Mapandzene falhou de forma gritante. Num momento em que crianças vão para a escola sem comer, camponeses abandonam os campos por falta de chuva e mulheres caminham sob o sol em busca de água, a Governadora deveria clamar por soluções, investimentos e ajuda humanitária. Optou, porém, pelo ridículo político e pelo esvaziamento da função pública.
Este Cartão Amarelo é, portanto, uma denúncia moral e política: Margarida Mapandzene não merece continuar como Governadora de Gaza. Seu lugar deve ser ocupado por alguém que compreenda o peso da responsabilidade e que coloque o povo acima de quaisquer interesses pessoais ou cálculos políticos. Gaza precisa de dignidade, respeito e acção concreta. Margarida Mapandzene demonstrou o contrário e, por isso, recebe este Cartão Amarelo com toda a firmeza, em nome da justiça, da ética e da defesa do povo moçambicano.
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2025-09-19
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