“BOLEIAS PAGAS”

Resistência dos operadores informais de transporte termina em confronto com a polícia na cidade Maputo 

Os operadores do transporte informal de passageiros, designado “Boleias Pagas”, na Avenida Julius Nyerere, Cidade de Maputo, continuam a resistir à pressão das autoridades municipais para a paralisação das actividades e, na manhã desta terça-feira (1 de Julho), organizaram um protesto pacífico contra a alegada perseguição e tentativa de expulsão pelas autoridades.

A manifestação, inicialmente pacífica, rapidamente ganhou contornos de conflito quando as forças da ordem chegaram ao local e ordenaram a dispersão dos manifestantes. A resistência dos motoristas culminou na intervenção da Polícia, que usou gás lacrimogéneo para conter o grupo. Há registo de pelo menos um ferido e várias detenções.

De acordo com os manifestantes, a actividade de “boleias pagas” tem sido a única fonte de rendimento para dezenas de famílias, especialmente num contexto socioeconómico marcado pelo desemprego e pelo elevado custo de vida. “Fundámos este sistema de transporte como alternativa viável para responder à fraca oferta de transporte público. Agora querem tirar-nos o pão da boca, sem sequer ouvir-nos”, declarou um dos organizadores do protesto.

Os transportadores afirmam ter recebido notificações da Polícia Municipal que classificam a sua actividade como ilegal. No entanto, garantem que estão em processo de legalização e já submeteram toda a documentação necessária às autoridades competentes. “Não somos contra a lei. Apenas queremos que nos deixem continuar a trabalhar enquanto o processo de legalização decorre”, apelou outro manifestante.

Por sua vez, o Município de Maputo afirma que a actividade de transporte remunerado de passageiros sem licença constitui uma violação da legislação em vigor e compromete a segurança dos utentes. Fontes próximas da Polícia Municipal indicam que a operação visava apenas assegurar o cumprimento da lei e que qualquer uso de força foi uma resposta à resistência encontrada no terreno.

Apesar do confronto, os motoristas garantem que não pretendem recuar. Exigem abertura de diálogo por parte do Município, a suspensão imediata das acções de repressão e a criação de um processo claro, acessível e transparente para a legalização do serviço.

Entretanto, a sociedade civil e alguns juristas apelam ao equilíbrio entre a aplicação da lei e a protecção dos direitos socioeconómicos dos cidadãos. “É necessário garantir que o combate à informalidade não agrave ainda mais a vulnerabilidade das famílias”.

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