Sergio Uilissone"
O termo "desastre natural" é amplamente utilizado para descrever eventos como ciclones, inundações, secas entres outros eventos climáticos extremo. No entanto, essa expressão é equivocada e mascara a verdadeira natureza dos desastres. A destruição causada por fenómenos naturais não ocorre isoladamente; ela é amplificada por factores humanos, como ocupação desordenada do solo, políticas públicas inadequadas e ausência de medidas preventivas eficazes.
Com os avanços tecnológicos, a disseminação de informações tornou-se rápida e, muitas vezes, imprecisa. Vivemos tempos desafiadores, onde conceitos científicos são frequentemente distorcidos, e figuras influentes — sejam dirigentes, autoridades ou representantes institucionais — acabam perpetuando equívocos que são tomados como verdades absolutas.
Como pesquisador na área de Gestão de Desastres e Mudanças Climáticas, torna-se preocupante ouvir discursos recheados de falhas conceituais, muitas vezes decorrentes da falta de atualização e esclarecimento. Diante disso, algumas questões fundamentais surgem: O que é um desastre? Existem desastres naturais?
De maneira objectiva, um desastre ocorre quando há perdas significativas de bens, infraestrutura, animais e vidas humanas, ultrapassando a capacidade de resposta das instituições governamentais e não-governamentais. A partir dessa definição, é preciso esclarecer que nem todo evento extremo resulta em desastre, e nem todo desastre tem origem em fenómenos naturais.
Um exemplo ilustrativo é o bombardeio atómico de Hiroshima e Nagasaki em Agosto de 1945. Foi um evento devastador mais falado do mundo mas pode ser classificado como um "desastre natural"? Evidentemente, não, mas sim desastre de origem tecnológico.Isso nos leva à questão central: os desastres naturais realmente existem?
Estudiosos da área argumentam que a classificação dos desastres deve levar em conta sua origem e seus impactos. Assim, eles podem ser divididos em duas grandes categorias:
Criticando o Mito do "Desastre Natural"
A insistência na expressão "desastre natural" transfere a responsabilidade das consequências para a natureza, isentando governos e instituições de sua obrigação na prevenção e mitigação de riscos. Se um ciclone destrói uma cidade inteira, isso ocorre porque a infraestrutura era frágil, a ocupação urbana foi mal planeada ou não havia um sistema eficiente de alerta e evacuação. O problema não está no fenómeno natural em si, mas na vulnerabilidade criada pela acção humana.
No contexto moçambicano, instituições como o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) são frequentemente criticadas por sua abordagem reativa. O foco excessivo na resposta emergencial, em vez da prevenção e adaptação, demonstra um sistema falho que perpetua os impactos negativos dos desastres. A falta de investimento em infraestrutura resiliente e educação comunitária agrava ainda mais a situação.
Para superar essa visão equivocada, é fundamental que as instituições responsáveis adotem uma abordagem mais eficaz, baseada em:
2025/12/3
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