Vênia do Presidente de Moçambique à Oposição: Fim da Oligarquia e Proclamação da Vitória Popular? 

Paulo Vilanculo"

Um momento histórico sem precedentes, neste Março do ano de 2025, Moçambique assiste um gesto de reconciliação e maturidade política que poderá redefinir os rumos da nação. Num continente onde transições políticas pacíficas continuam a ser exceções, Moçambique protagonizou, um evento inédito. O gesto de vênia do presidente Chapo à oposição marca não apenas a vitória eleitoral de um candidato, mas a vitória simbólica do povo moçambicano sobre um sistema que por muito tempo lhe negou voz. Como salienta Tembe (2024), “o verdadeiro triunfo do povo não é apenas a vitória eleitoral, mas a capacidade de transformar essa vitória em justiça social e progresso sustentável” (p. 63). A luta não foi contra homens, mas contra sistemas que negavam justiça e equidade no povo (Mabunda, 2024, p. 3). “Hoje não perdeu ninguém, ganha Moçambique."(Nyusi, 2024).

O reconhecer do outro compatriota é reconhecer a vontade soberana do povo moçambicano. O diálogo entre o presidente Chapo e o Engenheiro Venâncio Mondlane que arrasta simpatia do povo não apenas reconcilia as duas lideranças, mas também reconcilia a nação com a sua própria esperança de mudança. É um gesto como sinal de maturidade e compromisso com a paz. É "um exemplo para todo o continente" (UA, 2024).  "Moçambique demonstra assim que a democracia pode triunfar sobre interesses elitistas quando o povo se une em prol de mudança" (ONU, 2024). Esta abertura dos políticos moçambicanos pode, assim, oferecer lições valiosas sobre o papel do diálogo, da humildade política e do respeito à soberania popular na construção de democracias resilientes em África. Internacionalmente, o acto de reconciliação torna-se "exemplar e necessário num continente onde a estabilidade ainda é desafiada por interesses patrimonialistas.

No plano doméstico, o diálogo entre os líderes gera manifestações de apoio em diversas províncias, fortalecendo a vontade popular.  Com esta vitória política, o novo governo herdará desafios complexos: reconstrução de instituições, pacificação de zonas em conflito e recuperação econômica. Ao dar vênia à oposição, Chapo consagra-se como estadista; ao receber esse gesto com respeito e Mondlane mostra que a vitória do povo não é um fim, mas um recomeço onde a estabilidade do novo governo dependerá, assim, da capacidade de manter o diálogo institucional e de responder às demandas históricas da população moçambicana por inclusão, segurança e desenvolvimento. Assim, com uma plataforma voltada à transparência, descentralização do poder e combate à corrupção, a nova liderança poderá promover reformas estruturais.

O gesto do presidente Chapo ao reconhecer a necessidade de diálogo com Mondlane pode simbolizar a derrocada de uma oligarquia que por anos sufocou a alternância democrática no país, num ambiente de cooperação e o fim da retórica beligerante são sinais promissores. Esta transição pacífica, não exime o novo governo de enfrentar grandes desafios, como a reforma do setor público, a pacificação de zonas afetadas por conflitos armados e a recuperação da economia. “a vontade popular triunfou sobre a elite, afirmando os valores da democracia participativa” (ONU, 2024, p. 6), A transição evidencia, portanto, uma mudança paradigmática: da política de dominação à política de cooperação, da imposição ao diálogo, da opacidade à transparência.

Esta abertura do presidente do dialogo com a oposição pode marcar o fim de uma estrutura governamental oligárquica que, por décadas, monopolizou recursos e decisões políticas. A alternância no poder é interpretada por analistas como o fim de uma estrutura oligárquica, caracterizada pela concentração de poder político e econômico nas mãos de elites ligadas ao partido governante. Este gesto, além de representar uma vênia à vontade do povo, simboliza o fim de décadas de domínio oligárquico e inaugura uma nova era de governação inclusiva. Este momento poderá ser lembrado como o início de um novo ciclo político, baseado na legitimidade, transparência e participação popular.

2025/12/3