Paulo Vilanculo "
As eleições para a presidência da CTA agendadas para o dia 14 de maio de 2025 mostra se ser um processo eleitoral que se insere num contexto de tensões internas e disputas judiciais, refletindo a importância estratégica da liderança da CTA no cenário econômico moçambicano. A sucessão na presidência da CTA reflete os desafios enfrentados pelo setor privado em Moçambique. Os recentes eventos demonstram que o cargo é altamente disputado e envolve complexas dinâmicas políticas e empresariais sugere profundas reflexões.
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), constituída a 5 de Abril de 1996, como resultado da conversão de uma Comissão de Trabalho das Associações (CTA) criada para responder os desafios da introdução do sistema da Economia de Mercado. Não é de ignorar que dentro da CTA existem várias associações e federações setoriais (agronegócio, mineração, comércio, serviços), cada uma com suas preferências políticas, estratégicas e as federações mais fortes tentam colocar seus candidatos para garantir influência nos processos de lobby junto ao Estado e grandes grupos económicos (da construção civil, energia, telecomunicações) tentam influenciar a eleição para garantir que a CTA defenda seus interesses perante o governo e parceiros internacionais.
A (CTA) é o parceiro oficial de Diálogo com o Governo, em representação do Sector Privado e trabalha em prol de um melhor ambiente de negócios em Moçambique, promovendo e protegendo as oportunidades de negócios e iniciativas privadas, cultura e o associativismo empresariais, através de promoção de reformas económicas e regulamentares. A (CTA) desempenha um papel crucial como representante do setor privado no país. Historicamente, a CTA mantém uma relação próxima com o Governo, nesta prespectiva, a escolha do presidente da CTA frequentemente reflete um alinhamento (explícito ou implícito) com interesses governamentais em que os candidatos tidos como "pró-governo" costumam ter vantagens nas articulações internas e no apoio institucional.
Lembrar que o Conselho de Ministros aprovou o decreto que cria o Fundo de Recuperação Económica (FRE), que visa assegurar o funcionamento das Micro, Pequenas e Médias Empresas dos sectores produtivos, com elevado potencial para dinamizar a economia nacional. “Hoje, o Governo ouviu o nosso clamor e, imediatamente, disponibiliza 350 milhões de Meticais, como dotação inicial, havendo promessa de aumentar o valor”, referiu o Presidente da CTA, Agostinho Vuma. A presidência da CTA é uma plataforma para diálogo com investidores estrangeiros, organizações multilaterais (como o Banco Mundial, FMI, BAD), por isso, nos parece haver interesse em eleger alguém com perfil técnico e credibilidade externa.
Ao longo dos anos, a liderança da CTA tem sido marcada por disputas e alianças políticas e empresariais. A presidência da CTA é uma posição estratégica, influenciando políticas económicas e o ambiente de negócios. A presidência é frequentemente alvo de interesse por parte de diversos grupos que buscam influenciar as políticas económicas do país. Por outro lado, a campanha para a presidência da CTA envolve mobilização de recursos financeiros substanciais e o candidato que reúne mais apoio financeiro de grandes empresas geralmente parte com vantagem.
Agostinho Vuma foi eleito presidente da CTA em maio de 2017 e reeleito em dezembro de 2020, o seu segundo mandato foi estendido para mais quatro anos após revisão dos estatutos da CTA. A candidatura Maria Assunção Abdula (Maria de Assunção Coelho Leboeuf Abdula), esposa do Salimo Abdula, não transparece que concorre para ser realmente uma candidatura de ruptura com o “status quo”, e continuidade de Vuma sendo Vice-Presidente da CTA no actual elenco de Agostinho Vuma, embora que Vuma aparentemente apoia Lineu Candieiro, (PCA do Grupo Lin, Presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) e Vice-Presidente do Conselho Empresarial (CEN) .
Recordar que Salimo Abdula (2005–2011), presidiu a CTA por dois mandatos consecutivos. Durante sua liderança, destacou-se por promover a atração de investimentos estrangeiros e fortalecer parcerias entre empresários moçambicanos e internacionais. Após deixar a presidência executiva, continuou a contribuir como Presidente da Mesa da Assembleia Geral da CTA.
Certo é que a posição exige habilidades de liderança, negociação e resistência a pressões externas. A exclusão de Álvaro Massingue na corrida atual mostra como divergências internas (e possivelmente rivalidades políticas externas) moldam o processo sucessório. É essencial que o processo seja conduzido com transparência e integridade, garantindo que a liderança da CTA continue a representar eficazmente os interesses económicos do país.
O processo de sucessão atual marcado por controvérsias com Álvaro Massingue, presidente da Câmara de Comércio de Moçambique (CCM), afastado da corrida à presidência da CTA devido a acusações de práticas ilícitas para interferir nas eleições internas que, em resposta, Massingue submeteu uma providência cautelar ao tribunal, contestando a decisão, demonstra de fato, que a presidência da CTA é, um "osso para colossos".
Assumir a presidência da CTA devia implicar enfrentar desafios como:
2025/12/3
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