
Paulo Vilanculo"
No dia 23 do mês corrente, as cidades da Beira e de Vilanculos firmaram um acordo de gemilagem, rubricado pelos seus edis, Albano Carige e Quinito Vilanculo. Mais do que um ato protocolar, este compromisso simboliza uma parceria estratégica entre dois polos de grande relevância para Moçambique: a Beira, como centro ferro-portuário de importância regional e internacional, e Vilanculos, como cidade satélite de referência turística mundial. Num contexto em que a descentralização ainda apresenta défices operacionais, a gemilagem revela-se como uma estratégia inteligente e resiliente de governação local, capaz de projetar soluções próprias, atrair parcerias internacionais e criar sinergias que potenciam o desenvolvimento económico, logístico e turístico do país. No dia 23 do mês corrente, a cidade autárquica da Beira e a de Vilanculos deram um passo histórico ao assinarem um acordo de gemilagem, rubricado pelos respetivos edis, Albano Carige (MDM) e Quinito Vilanculo (RENAMO). Este compromisso, mais do que um simples acto protocolar, representa uma ponte de cooperação estratégica entre duas regiões que, embora geograficamente distantes, partilham desafios comuns e ambições convergentes para o desenvolvimento local. Num país onde a descentralização continua a ser marcada por fragilidades e contradições, onde os fundos operacionais são frequentemente afunilados no nível central e com as autarquias a dependerem de disponibilizações orçamentais de fundos próprios insuficientes, esta gemilagem surge como uma parceria inteligente e inquestionável. Esta aliança demonstra que os municípios podem, mesmo diante de um quadro deficitário, criar soluções próprias para assegurar o desenvolvimento local, sem ficarem reféns da lentidão ou das limitações impostas pelo centro. A gemilagem traduz-se num instrumento administrativo que visa reforçar a partilha de experiências, o intercâmbio cultural, a mobilização de investimentos e a promoção de práticas de governação inclusiva e participativa. A Beira, com a sua relevância como centro económico e portuário, e Vilanculos, com a sua dimensão turística internacionalmente reconhecida, encontram neste acordo uma oportunidade de complementaridade, capaz de gerar sinergias em áreas como a economia azul, o turismo, a urbanização sustentável e a gestão de riscos ambientais. A assinatura do acordo de gemilagem revela igualmente uma fundamentação estratégica de interesse convergente pelo bem social comum. A Beira e Vilanculos, apesar das suas diferentes confluências partidárias e realidades políticas, encontram na cooperação um espaço de superação das barreiras ideológicas em favor das populações que representam. Este gesto evidencia que a governação local pode ser feita a partir de um horizonte mais amplo, onde o que conta não são as filiações partidárias, mas sim a procura de soluções concretas para os desafios sociais, económicos e ambientais que afetam diretamente os munícipes. Mais do que isso, o ato revela a estratégia de resiliência administrativa dos dois edis. Albano Carige e Quinito Vilanculo têm mostrado que, em tempos de adversidade financeira e institucional, a saída não está apenas na espera de fundos centrais, mas sim na busca de parcerias inteligentes, tanto a nível interno como internacional. Ao conectar a Beira, uma cidade marcada pela experiência em gestão de riscos climáticos e pela sua centralidade económica, a Vilanculos, uma autarquia que desponta como polo turístico internacional, os dois líderes abrem portas para colaborações futuras com parceiros globais, em áreas que vão desde a sustentabilidade ambiental até ao investimento em infraestruturas urbanas e turísticas. Numa realidade em que os desafios sociais e económicos são profundos, iniciativas como esta mostram que o futuro pode ser construído de forma colaborativa, partilhando saberes, recursos e visões. Vale lembrar que a cidade da Beira representa, hoje, um dos mais importantes polos ferro-portuários estratégicos da zona centro de Moçambique. Pela sua localização privilegiada, a Beira assegura o escoamento de mercadorias para países do hinterland, como Zimbabué, Malawi e Zâmbia, funcionando como um elo vital na integração económica regional. A sua capacidade logística e portuária confere-lhe uma centralidade indiscutível nas cadeias de comércio e transporte, sendo, por isso, um ativo estratégico para o país. Vilanculos, por seu lado, consolida-se como cidade satélite, um dos pontos turísticos de referência mais reconhecidos internacionalmente, pelas suas belas praias e pelas paisagens deslumbrantes do arquipélago do Bazaruto, património natural mundial, condição que lhe confere uma vantagem competitiva singular no posicionamento de Moçambique como destino de turismo sustentável, atraindo fluxos de investimento e colocando o país na rota das principais operadoras turísticas globais. Em conjunto, Beira e Vilanculos, estas duas cidades formam um eixo complementar de desenvolvimento económico e turístico, capaz de projetar Moçambique para novas fronteiras de competitividade e prestígio internacional. A gemilagem entre Beira e Vilanculos é, portanto, mais do que um facto consumado é um sinal de maturidade política e institucional, que demonstra que as autarquias podem e devem ser protagonistas na agenda do desenvolvimento. A gemilagem entre estas duas autarquias não é, portanto, apenas um gesto diplomático é uma decisão estratégica que projeta Moçambique para além das suas fronteiras, reforçando a sua posição no espaço económico da África Austral e no mercado turístico internacional.2025/12/3
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