Paulo Vilanculo "
A crise na recolha de resíduos sólidos em Maputo levou a edilidade a solicitar, de forma inédita, camiões basculantes
ao município de Chimoio, gerido por João Ferreira, numa medida emergencial, destinada a conter o colapso sanitário
nos bairros periféricos que acabou por expor uma certa fragilidade da capacidade de gestão municipal da capital. O
gesto solidário transformou-se em polémica com a exigência publica do edil de Chimoio pedindo a devolução dos veículos
ou proposta de um contrato concessionário não previamente formalizado, levantando questões sobre transparência,
autonomia institucional e liderança estratégica de Maputo.
O drama dos resíduos sólidos nos bairros periféricos da capital moçambicana tornou-se um
dos maiores calcanhares de Aquiles da edilidade de Maputo. A gestão de resíduos sólidos em
Maputo atingiu um patamar de embaraço institucional. Nesta fragilidade da gestão municipal
exposta à vista de todos, onde bairros periféricos convivem com lixo num colapso sanitário e
ambiental pela falha da edilidade em cumprir com a sua obrigação constitucional de assegurar um
ambiente limpo e seguro em Maputo. O ciclo vicioso entre a ineficiência Municipal e o
comportamento da população transforma-se num impasse destrutivo, em que famílias depositam
resíduos em locais inapropriados, na ausência de alternativas viáveis, a acumulação de lixo gera
protestos populares pelos riscos de surtos sanitários, um reflexo de um modelo municipal sem
autonomia técnica e, nem improvisações.
Em meio ao colapso, o Município de Maputo, capital do país e supostamente modelo de
governação urbana, passou a uma desconfortável posição de implorar por apoio logístico a um
município de menor dimensão. Neste âmbito, Maputo recorreu ao município de Chimoio para
suprir a sua fragilidade e carência de meios operacionais, pedindo “ajuda ao edil de Chimoio, João
Ferreira”, empréstimo de camiões basculantes que, segundo fontes informais, o pedido de apoio a
Chimoio foi feito com caráter de urgência para reforçar a recolha de resíduos em zonas críticas,
demonstração clara da fragilidade institucional de Maputo, símbolo nacional e sede do poder, que
gera críticas e questionamentos sobre a real capacidade de gestão do executivo municipal, que
ultrapassa a questão do lixo para um problema de ausência de liderança estratégica, de articulação
intermunicipal responsável e de compromisso real com a saúde dos munícipes dos bairros
periféricos.
Apesar das promessas feitas pela edilidade durante a campanha eleitoral, a realidade nas
zonas suburbanas mostra um cenário de colapso total, com cenários de camiões de recolha que
aparecem apenas esporadicamente, contentores insuficientes, e comunidades que se vêm forçadas a
recorrer à deposito de céu aberto ou a despejo em terrenos baldios, práticas que agravam problemas
de saúde pública e ambientais. É inconcebível que a capital do país, com maior acesso ao Orçamento
do Estado e receitas fiscais, tenha de pedir socorro a um município do centro do país. Isso revela o
colapso de gestão e a ausência de planeamento sério e sem seus camiões próprios a operação de
limpeza urbana nunca vai ganhar dinâmica. Ao invés de aliviar a pressão, a estratégia improvisada
gerou um desgaste político, colocando o edil de Maputo numa posição delicada.
A solução, porém, improvisada transformou-se num vexame público, após o edil de
Chimoio, João Ferreira, exigir a devolução dos camiões basculantes emprestados ou o cumprimento
de um alegado contrato concessionário, além da humilhação institucional, o caso levanta sérias
dúvidas sobre a transparência nos acordos intermunicipais. O episódio do empréstimo e devolução
dos camiões de Chimoio representa mais do que uma crise logística. Embora nenhuma das partes
divulgou oficialmente os termos do suposto contrato de concessão nem as condições do
empréstimo dos veículos, no entanto, Ferreira ao emitir sua comunicação publica através dos Mídias
exigindo a devolução dos veículos ou a assinatura de um contrato de concessão de serviços que
inclua cláusulas de custo e manutenção, o gesto pode ser interpretado como um ato de tentativa de
ganho económico que deixa a nu a fragilidade a edilidade de Maputo mas também, a reação de João
Ferreira, pode levar a lume um fumo de um negócio desigual entre duas cidades, onde quem pediu
ajuda sai fragilizado e quem cedeu, sai fortalecido.
Enquanto os edis trocam mimos e protagonismos, os bairros periféricos permanecem
mergulhados no lixo na cidade de Maputo. A gestão de resíduos sólidos nos bairros periféricos de
Maputo é hoje um retrato fiel da fragilidade da governação local. Entre o abandono das autoridades
e a desesperança da população, a cidade vê crescer não só o lixo, mas também a indignação social.
Porque não, o Município de Maputo não equacionar a descentralização da recolha de resíduos, em
parcerias público-comunitárias, com investimentos em cooperativas de reciclagem e campanhas
massivas de sensibilização? Mas nada disso se concretiza sem vontade política e uma liderança
municipal comprometida. Se nada for feito com urgência, os montes de resíduos podem tornar-se o
símbolo da falência silenciosa de um modelo de cidade excludente e ineficiente.
2025/12/3
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