Mudjadjo"
O Homem é a medida de todas as coisas, é um trecho de uma frase do sofista grego Protágoras, fundamentada também por Heráclito, reconhecendo que o conhecimento pode ser alterado graças as circunstâncias mutáveis da percepção humana. Estas concepções defendem o relativismo e a subjectividade, ou seja, cada pessoa constrói a sua própria verdade, uma linha de pensamento defendida por parte pelas ciências sociais diante do fenómeno social total. Com esta ideia quer se tentar perceber até onde o Homem quer chegar na tentativa de superar aqueles que são os propósitos da criação humana ( ir além da própria humanidade). A ideia é “pegar” a espécie humana desde o homo faber, aquele que apenas preocupava se com o fabrico das coisas até ao homo Demiurgo, que tenta igualar se a Deus em termos de capacidades, quando auxilia se a Inteligência Artificial.
Socorrendo se da periodização ocidental, encontramos o Homem na pré-história, abrange os acontecimentos que se deram desde o surgimento da terra até 3200 a.C. ou IV milénio. O segundo grande período da periodização ocidental é a história. Este período histórico inicia com a descoberta da escrita ou descoberta do ferro, em 3200 /3600 a.C. Estão neste período as seguintes fases: Antiguidade, que se classifica em oriental marcada pelo desenvolvimento das civilizações do oriente, principalmente dos vales dos grandes rios e clássica ou ocidental representada pela Grécia e Roma. Este grande período da história se estende desde a descoberta do Ferro até a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C. Idade Média, este período histórico, que também pode se chamar de Idade Medieval, começa em 476 d.C. até 1453 d.C. data da tomada de Constantinopla ou Bizâncio pelos Turcos Otomanos. Idade Moderna, tem como início em 1453 e se prolonga até a data da Revolução Francesa em 1789 marcando deste modo o começo da Idade Contemporânea. Idade Contemporânea, desde a Revolução francesa até aos nossos dias. Nessa visita ao tempo o período que nos interessa é a idade moderna onde nos deparamos logo a seguir com as ideias do iluminismo, com a publicação do discurso do método de René Descartes em 1637, onde desacredita se tudo a menos que houvesse uma razão bem fundamentada para aceita-lo, apresentando assim o famoso cogito ergo sum (penso, logo existo).
Para chegarmos ao Homem dos nossos dias interessa-nos a modernidade filosoficamente, que é uma tríplice emancipação: Emancipar se de Deus através da razão; emancipar se da natureza através da ciência; e por fim, emancipar se dos poderes fortes (absolutismo) através da Democracia. Então, essa era a proposta para a modernidade. Com o fracasso do projecto da modernidade surge uma nova era, a pós-modernidade que vai criticar os valores ou a proposta da modernidade que não foi cumprida como proposto, a titulo de exemplo tivemos o avanço da ciência sem consciência (a produção da bomba atómica), o surgimento da democracia trouxe outros presidentes mais belicistas que os de outrora. È neste momento onde começam a surgir novas ideias de aperfeiçoamento da espécie humana, observamos a socio-biologia com o objectivo de perceber como a genética e a evolução influenciam o comportamento social, destacando que o bem-estar da sociedade passava pela esterilização de todos os homens; verificamos também o Eugenismo, que passa pela produção de um ser perfeito capaz de tudo de bom e do melhor. Essas são algumas tentativas do Homem ir além daquelas que são as capacidades humanas ou o propósito humano.
Com o andar do tempo testemunhamos outras dimensões humanas como: o Antropoceno, que é caracterizado pelo impacto significativo da actividade humana nos sistemas naturais, podemos buscar como exemplo o atleta sul africano Óscar Pistorius que consegue competir em pé de igualdade com os demais atletas; o Trans-humanismo, um movimento intelectual e cultural que afirma a possibilidade e deseja melhorar profundamente a condição humana por meio da razão, desenvolvendo e disponibilizando tecnologias para eliminar o envelhecimento e para aumentar signicativamente as capacidades intelectuais, físicas e psicológicas humanas, tenta superar as limitações humanas (um ser humano que não fica doente, não envelhece e que tenha a vida eterna); o pós-humanismo, tenta aprimorar a condição humana através do uso da tecnologia, como é possível confundir o corpo e a mente humana, permitindo ao ser humano transcender diante das limitações actuais.
Diante dessas pretensões todas de atingir a perfeição humana com seres geneticamente modificados, assim como biologicamente alterados qual será o objectivo principal? Ou melhor, para onde vamos? Qual é o objectivo primordial? São essas e outras questões que nos fazem perceber que existirá a ideia de criar um Homem com as capacidades divinas (Homem Deus).
Com a aderência a Inteligência Artificial, gostaria de saber o que vai acontecer com aqueles países que não aderem ao avanço científico, há quem diga que desde o surgimento do Homem nunca houve tamanha diferença entre as sociedades como hoje em dia, uns caminhando muito bem ao alto rumo ao pós- humanismo, outras sociedades caminham para a retaguarda, como consequência disso poderá existir uma espécie de ‘reforma compulsiva” como aconteceu com a troika ( a carinha puxada por três cavalos), onde estes com o fabrico dos veículos automóveis foram colocados de lado sem ser questionados se queriam continuar a trabalhar ou não, simplesmente ficaram ultrapassados. Um processo que começou com a Revolução Industrial, que com o advento das máquinas no fabrico de vários utensílios o Homem perdeu algum espaço laboral.
Um dos maiores receios é de quem estiver por cima (primeiro mundo) comece a inventar conceitos para relegar aqueles que não aderem ao avanço tecnológico ao terceiro plano, como aconteceu a quando da criação dos conceitos raça e denegrir, a titulo de exemplo onde o primeiro foi transferido da Zoologia para a humanidade de modo a mostrar a supremacia de uma espécie humana em relação as outras, e o segundo quando é usado para mostrar a inferioridade do negro em relação ao “Mulungo” (branco), significa que este estaria a descer a condição do negro. Esses são alguns traços de vários, na tentativa de uns se elevarem em relação aos outros, mas para este caso concreto será pelo trabalho árduo deles ou pela “preguiça” de alguns em aprender, apreender e competir com os melhores? não porque eles nasceram melhores ou são superdotados que, mas porque desenvolvem e treinam constantemente.
As Universidades deixaram de ser lugares de produção da ciência por excelência, não que estes sejam os espaços que tem o monopólio da produção da ciência porque qualquer cidadão pode fazer ciência em qualquer canto do mundo, existem várias invenções que não passam pela Universidade com o objectivo de melhorar a vida humana (o objectivo principal da ciência). Há uma necessidade de se devolver as universidades como o lugar de produção da ciência, para de certa forma tentar avançar de modo a encurtar distância em relação a aqueles que caminham a passos largos no mundo actual dominado pela ciência e tecnologia.
2025/12/3
Copyright Jornal Preto e Branco Todos Direitos Resevados . 2025
Website Feito Por Déleo Cambula