Luís Munguambe Júnior"
Eu já não aguento mais. Eu e muitos outros professores estamos fartos de promessas que nunca se cumprem, de mentiras descaradas e de um governo que não tem respeito nenhum por quem realmente faz a diferença no país. Enquanto a classe política continua a comer e a beber nas mesas de luxo, nós, que estamos nas escolas, tentamos sobreviver com o pouco que nos dão. Estamos a ser tratados como se a educação fosse um peso, uma obrigação de última hora, e não uma prioridade.
Os atrasos nos salários? São uma constante, uma humilhação diária. Sabem bem o que se passa, mas preferem fechar os olhos e dar desculpas esfarrapadas. Não se trata de um erro pontual, mas sim de um problema crónico. Já não aguentamos mais promessas de aumento, de melhores condições de trabalho, de um futuro que nunca chega. O que recebo no final do mês não é digno de alguém que trabalha com tanto empenho para moldar o futuro das nossas crianças. Mas parece que isso não importa para quem está no poder.
E o que mais me revolta é a forma como o governo trata as nossas queixas. Quantas vezes já vimos o mesmo discurso? “Vamos resolver”, “estamos a trabalhar para melhorar”, “este ano será diferente”. E, no fim, nada. Nada muda. As condições continuam péssimas. Os salários continuam a ser vergonhosos. E a cada dia que passa, a nossa paciência vai se esgotando mais. Não há mais margem para esperar. Não há mais espaço para acreditar em promessas vazias.
O que está por vir? Uma nova greve. Não é só por causa dos salários atrasados. Não é só por causa das condições de trabalho. Não. A razão principal é o desrespeito. A razão é a forma como nos ignoram, como se fôssemos apenas peças descartáveis no sistema. E isso, meus amigos, não podemos mais aceitar. A greve será um grito de resistência, de indignação, de quem já não tem mais nada a perder. O povo vai ver, porque nós, os professores, somos a base da sociedade. Somos nós que fazemos os futuros médicos, engenheiros, advogados e líderes deste país.
E que fique claro: não estamos a lutar apenas pelos nossos direitos. Estamos a lutar por um futuro melhor para todos. Se o governo não ouvir desta vez, então teremos que mostrar que não estamos dispostos a continuar a ser tratados como invisíveis. A nossa greve não será só mais uma. Será o fim de um ciclo de mentira e de um grito de justiça que já não pode ser abafado.
2025/12/3
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