Luis Munguambe Junior"
Houve um tempo em que voar pela LAM era um símbolo de orgulho. Não era apenas uma viagem de avião, era um reflexo do sonho moçambicano de independência e progresso. Hoje, esse sonho está em turbulência constante, os motores falham, e a companhia parece caminhar para uma aterragem forçada.
Nos terminais, o caos tornou-se rotina. Passageiros amontoados, anúncios de voos cancelados, atrasos sem explicação e uma frustração que se espalha como fumo de um motor avariado. O que antes era exceção, agora é regra. A pergunta que ecoa pelos corredores não é mais “A que horas embarcamos?”, mas sim “Será que vamos embarcar?”.
O problema da LAM vai além da mecânica. O que a condena não são apenas os aviões envelhecidos ou os serviços ineficientes, mas a corrupção silenciosa que a vem corroendo há décadas. Uma empresa onde o investimento desaparece como um voo sem regresso, onde a gestão prefere esconder a crise em relatórios vazios, em vez de enfrentar a realidade.
E enquanto os aviões ficam retidos em terra, os preços continuam a subir até alturas absurdas. Voar já não é uma opção para o cidadão comum, mas um privilégio para poucos. Os restantes, sem alternativas, rendem-se ao improviso, às estradas esburacadas, aos autocarros sobrecarregados, aos riscos de uma viagem que nunca deveria ser a única escolha.
Mas o que mais assusta não são os voos cancelados, nem os bilhetes inalcançáveis. O que assusta é o silêncio. O silêncio de um governo que assiste, inerte, ao colapso da companhia. O silêncio de uma gestão que evita prestar contas. O silêncio de um país que vê sua maior companhia aérea despedaçar-se, sem que ninguém se atreva a puxar o comando e tentar salvar o que ainda resta.
Ainda há tempo para evitar o desastre? Ou a LAM já passou do ponto de não retorno? Se nada for feito, o destino já está escrito: a companhia será apenas mais um capítulo esquecido na história, uma promessa que um dia levantou voo, mas nunca conseguiu chegar ao destino.
2025/12/3
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