Luís Júnior"
Há muito que a LAM deixou de ser companhia aérea e transformou-se numa metáfora voadora da desordem nacional. Hoje, ao comprarmos um bilhete nas Linhas Aéreas de Moçambique, não estamos a garantir viagem, mas sim a adquirir o direito de entrar no sorteio da desorganização: atrasos crónicos, aviões que mais parecem velharias de museu e uma gestão que continua a ser mais pesada que a fuselagem.
O mais irónico é que todos fingem surpresa diante desta turbulência que já dura décadas. Falam de “reestruturação”, de “injeção de capital”, de “salvação da empresa”, como se fosse a primeira vez que se tenta ressuscitar o cadáver. O problema é que a cada “resgate” o buraco fica mais fundo, os aviões mais velhos e os passageiros mais exaustos.
A LAM é aquela empresa que vive em estado de emergência permanente, mas continua a vender a ilusão de ser “companhia de bandeira”. Só não dizem de que bandeira se trata: se a da incompetência, se a da teimosia em não aceitar que a aviação não sobrevive apenas de discursos e subsídios.
E, enquanto isso, continuamos refém de um monopólio mal disfarçado. Não há concorrência séria, não há alternativa confiável. Quem precisa viajar tem de se render ao jogo: pagar caro por um serviço barato. E, quando o voo cancela, a companhia oferece desculpas que já deviam ser registradas como património imaterial da nação.
A LAM não está em crise. A crise é a própria LAM. E enquanto insistem em tratá-la como um problema conjuntural, em vez de estrutural, continuaremos a viajar apenas em promessas, com escala obrigatória na frustração.
2025/12/3
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