Luís Júnior"
A sociedade moderna vende um conto de fadas: estuda, trabalha duro, segue as regras, e o mundo se abre diante de ti. "A educação é a chave do futuro", dizem-nos. Mas, ao final, o que a geração que fez tudo certo encontra? O que a sociedade entrega, quando o diploma é apenas um pedaço de papel e o esforço parece ter sido em vão? O que acontece quando o futuro prometido se torna uma miragem distante? Eu vi muitos crescerem com esse mantra enraizado na mente: "Quem estuda, vence." Vimos colegas e familiares correrem atrás das boas notas, das melhores universidades, das especializações. Lutámos para chegar ao topo, para alcançar o reconhecimento que, dizem-nos, seria a recompensa pela nossa dedicação. Mas o que nos deram em troca? O mesmo que a todos os outros: um mercado de trabalho saturado, cheio de oportunidades de portas fechadas. Essa é a realidade de uma geração que seguiu as regras, fez tudo "certinho", acreditou nas promessas vazias e, ainda assim, ficou de fora. Não apenas de oportunidades, mas de dignidade. A sociedade ensina que a educação é a escada para o sucesso, mas quem está lá em cima, no topo dessa escada, não faz questão de estender a mão. Eles dizem: "Subam! Subam!", mas as escadas estão quebradas, as portas trancadas e as oportunidades, por mais que nos esforcemos, se tornam cada vez mais escassas. E o pior de tudo é que a narrativa não muda. Continuamos a ser ensinados que a educação é a solução para tudo, quando na verdade, ela é muitas vezes apenas uma fachada. O sistema educacional não prepara a geração para os desafios reais da vida, ele nos prepara para ser consumidores de promessas falidas, para acreditar que, se fizermos o "certo", a recompensa virá. Mas quem tem acesso a essas recompensas? Aqueles que, muitas vezes, não precisaram estudar tanto assim. Aqueles cujos privilégios são garantidos desde o nascimento. A sociedade, que prometeu mundos com a educação, falha em entregar um futuro justo e igualitário. O problema não está na educação, mas sim na falta de oportunidades reais. O sistema educacional, no fundo, serve para manter uma ilusão de igualdade, enquanto perpetua a desigualdade de fato. É uma sociedade que nos pede para correr maratonas, mas que coloca obstáculos no nosso caminho. E, quando chegamos ao fim da corrida, exaustos e com diplomas na mão, o que vemos? Portas fechadas. Um mercado de trabalho competitivo, onde a experiência vale mais do que o conhecimento. Onde o nepotismo e os privilégios estão em jogo, e onde aqueles que fazem tudo "certo" continuam a ser excluídos. Quem são os vencedores dessa sociedade? Aqueles que seguiram o caminho errado? Aqueles que nunca precisaram estudar, mas que têm as conexões certas? Ou a geração que, apesar de toda a sua dedicação, simplesmente foi deixada para trás? O que essa sociedade nos diz, na prática, é que a educação não é suficiente. Não é suficiente ser bom, competente, dedicado. O sistema não garante nada para quem se esforça. Pelo contrário, ele engole os sonhos de uma geração e os vomita na forma de frustração. A promessa de um futuro melhor através da educação, que nos foi incutida desde pequenos, está quebrada. Vivemos numa sociedade que diz uma coisa e faz outra. Promete mundos e entrega desilusão. Enquanto isso, a geração que se empenhou, que fez “tudo certo”, continua a procurar a porta de entrada para o seu futuro, sem perceber que talvez nunca tenha existido. O mundo já estava fechado para nós antes mesmo de termos a chance de bater à porta. Essa é a tragédia da nossa geração: a de que fomos educados para acreditar em um sonho que nunca foi nosso. Um sonho vendido como se fosse o único caminho, mas que, no fim das contas, se revelou uma ilusão.2025/12/3
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