O Embuste da Auscultação Pública e o Engodo do Diálogo Nacional

Alípio Freeman "

A recente auscultação pública promovida sob o pretexto de um “diálogo nacional” em Moçambique surge como resposta aparente à violência pós-eleitoral que devastou o país e revelou as fraturas mais profundas do seu tecido sócio -político. Contudo, ao observarmos o padrão histórico do partido dominante -hegemónico que governa a todo custo, mesclando atributos democráticos e autoritários, torna-se evidente que esta iniciativa se insere mais numa lógica de sobrevivência do poder e legitimidades que fora severamente biliscado pelas ruas e suas leis, do que de verdadeira reconciliação.

Essa iniciativa passa por dividir a oposição e a sociedade civil através de criação de oportunidades para encherem o bolso. Doravante, os resultados já têm estado a aparecer de forma clara, quando vemos políticos críticos ao sistema que atacam o maior representante da oposição, aquele que é visto por considerável substrato da população como o Messias, exemplo dos famigerados políticos, António Massango e Yakub Sibinde cuja relevância sempre fora insignificante.

 Embora o discurso oficial proclame a busca de consensos e a pacificação social, a prática mostra o contrário: a manipulação do processo, o controlo das narrativas e a exclusão de vozes autênticas da sociedade civil e da oposição. O diálogo, assim configurado vai mostrando o genuíno objectivo de quem o concebeu, ao transformar-se num exercício de legitimação política disfarçado de consulta popular.

2025/12/3