SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER VER...

Afonso Almeida Brandão"

 

A distância hierárquica evidencia o modo como os que têm menos poder numa sociedade aceitam a desigualdade na distribuição do mesmo, sendo tal dimensão reflectida pelo Índice de Distância Hierárquica (IDH) que mede o nível de centralização de uma sociedade.

O IDH em Portugal é de 73.

Para se ter uma ideia comparativa, a Guatemala, a Índia e o Oeste Africano, têm, respectivamente, 95, 77 e 75, enquanto os países parceiros de Portugal na União Europeia (a título de exemplo!) e mais desenvolvidos, tais como a Alemanha, Suécia e Dinamarca, têm, pela mesma ordem, 35, 31 e 18. A Áustria, é bom referir, tem o melhor índice — 11. Fora da União Europeia, Israel tem 13. E em relação aos países que constituem actualmente a SADC, quiçá, PALOP´s, podemos afirmar que nem sequer vale apena falar de números para não ficarmos envergonhados...

No Nosso País Podemos Identificar

As Seguintes Realidades Vergonhosas

 

— Grotesco leque salarial (diferença entre o salário mais baixo e mais alto), podendo nalguns casos atingir valores inconcebíveis (casos há em que o Administrador ganha de 450 Mil Meticais ou mais enquanto o trabalhador com funções superiores, como será o caso dos Deputados e de quem (des)Governa o nosso País, pode ganhar entre os 650 e os 800 Mil Meticais mensais, fora “as mordomias” incluídas — o que não surpreende ninguém...; — e em 2001, o leque salarial médio na CPLP era significativa — à frente de todos os restantes países africanos — e, em 2008, em Moçambique a percentagem de empresas com um leque salarial líquido superior a 350 Mil Meticais era/é ainda de 15,1%; pouca ou quase nenhuma participação espontânea dos trabalhadores nas empresas.

— Quase inexistente envolvimento dos cidadãos em termos cívicos; descrença total nos dirigentes políticos devido, entre outros factores, à diferença abissal de regalias e privilégios com o cidadão comum; uso e, nalguns casos, abuso dos “galões” em situação de conflito, limitando ou eliminando a necessária equidade apreciativa e a justiça relativa; incapacidade acentuada de promoção de iniciativas empresariais;

— Dificuldade na partilha de informação e no estabelecimento de relações de parceria e consórcio; dificuldade de acesso dos cidadãos ao Poder Central do Estado e quase inexistente resposta deste às preocupações, solicitações e reclamações daqueles; importância ainda bastante vincada atribuída aos títulos, sejam de ordem social, académica ou profissional (Sr. Governador, Sr. Professor Doutor, Sr. Engenheiro ou Sr. Director); tendência ainda marcada para a submissão e excessiva tolerância perante arbitrariedades, abusos e erros dos mais fortes (Estado, Patrões, Chefias, Grandes Fornecedores, Grandes e Médias Empresas, etc., etc..). E poderíamos citar outros exemplos mas o espaço desta secção não o permite.

A elevada distância hierárquica (IDH alto) na classe Política, na generalidade, e na área de quem (des)Governa o País, proporciona de forma directa e indirecta o afastamento destes, dos trabalhadores e dos cidadãos. Nas empresas, os trabalhadores tendem a ter uma postura de “quanto baste”, não retirando, pois, deles as organizações o necessário valor acrescentado, tão fundamental e subjacente a um conceito de contrato psicológico mais exigente. No segundo caso, os cidadãos tornam-se quase eunucos, incapazes de mudar o “status quo, refugiando-se nas tão tipicamente moçambicanas “conversas de café” e nas redes sociais. Com certeza já todos nos interrogámos porque somos nós moçambicanos apreciados e vistos como profissionais e cidadãos de valor noutros países e no nosso somos vistos como «não produtivos». É curioso, não concordam? A distância hierárquica é uma das explicações, senão o mais importante fundamento. Na realidade, seria impensável ver em Moçambique ou em qualquer outro oásís da CPLP um Ministro deslocar-se de bicicleta, mas há países onde tal acontece. Os referendos, tão usados noutros países, de que é exemplo claro a Africa do Sul (IDH de 34), entre nós, por exemplo, são praticamente inexistentes. Em Angola e em Cabo Verde (neste último país o IDH é de 35) os políticos e (des)governantes que são apanhados nas teias da lei vão mesmo parar à prisão. O Leitor sabia disso?

Em Moçambique, as suspeitas avolumam-se e aprofundam-se sobre a implicação de Políticos, Governantes, Presidentes de Edilidade e Directores de Grandes e Médias Empresas, em determinados casos e as penas não ocorrem ou são leves. Um dos últimos exemplos aconteceu com a Câmara Municipal de Tete e nada aconteceu até hoje, ao que sabemos. Isto para não falarmos da corrupção e dos gastos indevidos em benefício pessoal desses “metralhas” da FRELIXO em posição favorável, em detrimento do Erário Público... ACONTECE E NÃO DEVIA ACONTECER. Em Moçambique, a distância entre os mais ricos e poderosos e os mais pobres tem-se vindo a pronunciar. Basta atentar nos mais de 29 milhões de pobres existentes (98,5% da nossa população geral) e a cada vez mais inexistente classe média. Estas vincadas desigualdades radicam numa cultura de vivência e exercício do Poder pelo Poder, sem qualquer noção de partilha e sem qualquer sentido social (missão). O que é de lamentar...

Moçambique é um dos países mais pobres da CPLP, quiçá, dos PALOP´s, sensivelmente a par da África do Sul (IDH de 40). Será mera coincidência o sucesso económico comparado com países Europeus, designadamente, da Irlanda e o seu IDH de 28? Ao contrário do que ocorre, por exemplo, nos países nórdicos (já agora!), com um IDH muito equilibrado, em Moçambique o exercício do Poder Político é Unilateral, partindo-se do pressuposto de que pelo facto de o Poder ter sido outorgado através de eleições “fraudulentas” desde 1975, os (des)governantes da FRELIMO que tem estado “de pedra e cal” à frente dos Destinos do nosso País, podem fazer o que muito bem entendem, sem atender minimamente à opinião diversa da Sociedade que parece ter acordado finalmente...

Estudos já realizados constatam o elevado grau de tristeza e desmotivação geral dos cidadãos Moçambicanos de Norte a Sul, do nosso País. Urge, pois, repensar o uso do Poder nos países da CPLP e nas diversas organizações, incluíndo nos PALOP´s (repetimos)... Nestas últimas, os seus dirigentes devem adoptar comportamentos de liderança marcados por uma atitude transformacional no sentido de capitalizarem do melhor modo possível o principal activo organizacional ao seu dispor — as pessoas. É fundamental, de uma vez por todas, ultrapassar o paradoxo entre o discurso e a prática. Todos relevam a importância das pessoas, mas ninguém age em conformidade. Ou estamos errados?!...

Nos países da CPLP, e naqueles de que fazem parte os PALOP´s, em particular, é fundamental que se repense e revolucione o conceito de “participação” dos cidadãos na vida pública e nas decisões relevantes sobre a vida desses mesmos países e dos seus cidadãos. É chegado o momento de perceber que votar em eleições não é garantia de nada em concreto e que até pode estar a ser, cada vez mais, um acto legitimador de uma política de afastamento entre quem decide e quem paga a factura dessas decisões. Sobretudo quando “essas” Eleições acontecem e têm sido “fraudulentas” ao longo de 50 anos, como se verifica em Moçambique, pela mão da FRELIXO!!!...

A bem da Justiça, da Seriedade e da Moral, convém que passemos das intenções à prática e que se preze o caminho da INTEGRIDADE e da EQUIDADE, sem a que a Sociedade Moçambicana corra o risco de ficar refém de uns tantos viciados e deslumbrados pelo Poder — que é o caso do Presidente da República Daniel Chapo e dos seus Ministros de “trazer por casa” a começar pelos “Ministros” da SAÚDE e da ECONOMIA —, sem qualquer experiência política, gente incapaz e perigosa, que é o que acontece com este (?) Executivo do actual Governo em funções entre nós. Alguém tem dúvidas disso? É que os resultados (asseguramos nós!) estão bem à vista. E só não vê quem não quer ver...

2025/12/3

SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER VER...

Afonso Almeida Brandão"

 

A distância hierárquica evidencia o modo como os que têm menos poder numa sociedade aceitam a desigualdade na distribuição do mesmo, sendo tal dimensão reflectida pelo Índice de Distância Hierárquica (IDH) que mede o nível de centralização de uma sociedade.

O IDH em Portugal é de 73.

Para se ter uma ideia comparativa, a Guatemala, a Índia e o Oeste Africano, têm, respectivamente, 95, 77 e 75, enquanto os países parceiros de Portugal na União Europeia (a título de exemplo!) e mais desenvolvidos, tais como a Alemanha, Suécia e Dinamarca, têm, pela mesma ordem, 35, 31 e 18. A Áustria, é bom referir, tem o melhor índice — 11. Fora da União Europeia, Israel tem 13. E em relação aos países que constituem actualmente a SADC, quiçá, PALOP´s, podemos afirmar que nem sequer vale apena falar de números para não ficarmos envergonhados...

No Nosso País Podemos Identificar

As Seguintes Realidades Vergonhosas

 

— Grotesco leque salarial (diferença entre o salário mais baixo e mais alto), podendo nalguns casos atingir valores inconcebíveis (casos há em que o Administrador ganha de 450 Mil Meticais ou mais enquanto o trabalhador com funções superiores, como será o caso dos Deputados e de quem (des)Governa o nosso País, pode ganhar entre os 650 e os 800 Mil Meticais mensais, fora “as mordomias” incluídas — o que não surpreende ninguém...; — e em 2001, o leque salarial médio na CPLP era significativa — à frente de todos os restantes países africanos — e, em 2008, em Moçambique a percentagem de empresas com um leque salarial líquido superior a 350 Mil Meticais era/é ainda de 15,1%; pouca ou quase nenhuma participação espontânea dos trabalhadores nas empresas.

— Quase inexistente envolvimento dos cidadãos em termos cívicos; descrença total nos dirigentes políticos devido, entre outros factores, à diferença abissal de regalias e privilégios com o cidadão comum; uso e, nalguns casos, abuso dos “galões” em situação de conflito, limitando ou eliminando a necessária equidade apreciativa e a justiça relativa; incapacidade acentuada de promoção de iniciativas empresariais;

— Dificuldade na partilha de informação e no estabelecimento de relações de parceria e consórcio; dificuldade de acesso dos cidadãos ao Poder Central do Estado e quase inexistente resposta deste às preocupações, solicitações e reclamações daqueles; importância ainda bastante vincada atribuída aos títulos, sejam de ordem social, académica ou profissional (Sr. Governador, Sr. Professor Doutor, Sr. Engenheiro ou Sr. Director); tendência ainda marcada para a submissão e excessiva tolerância perante arbitrariedades, abusos e erros dos mais fortes (Estado, Patrões, Chefias, Grandes Fornecedores, Grandes e Médias Empresas, etc., etc..). E poderíamos citar outros exemplos mas o espaço desta secção não o permite.

A elevada distância hierárquica (IDH alto) na classe Política, na generalidade, e na área de quem (des)Governa o País, proporciona de forma directa e indirecta o afastamento destes, dos trabalhadores e dos cidadãos. Nas empresas, os trabalhadores tendem a ter uma postura de “quanto baste”, não retirando, pois, deles as organizações o necessário valor acrescentado, tão fundamental e subjacente a um conceito de contrato psicológico mais exigente. No segundo caso, os cidadãos tornam-se quase eunucos, incapazes de mudar o “status quo, refugiando-se nas tão tipicamente moçambicanas “conversas de café” e nas redes sociais. Com certeza já todos nos interrogámos porque somos nós moçambicanos apreciados e vistos como profissionais e cidadãos de valor noutros países e no nosso somos vistos como «não produtivos». É curioso, não concordam? A distância hierárquica é uma das explicações, senão o mais importante fundamento. Na realidade, seria impensável ver em Moçambique ou em qualquer outro oásís da CPLP um Ministro deslocar-se de bicicleta, mas há países onde tal acontece. Os referendos, tão usados noutros países, de que é exemplo claro a Africa do Sul (IDH de 34), entre nós, por exemplo, são praticamente inexistentes. Em Angola e em Cabo Verde (neste último país o IDH é de 35) os políticos e (des)governantes que são apanhados nas teias da lei vão mesmo parar à prisão. O Leitor sabia disso?

Em Moçambique, as suspeitas avolumam-se e aprofundam-se sobre a implicação de Políticos, Governantes, Presidentes de Edilidade e Directores de Grandes e Médias Empresas, em determinados casos e as penas não ocorrem ou são leves. Um dos últimos exemplos aconteceu com a Câmara Municipal de Tete e nada aconteceu até hoje, ao que sabemos. Isto para não falarmos da corrupção e dos gastos indevidos em benefício pessoal desses “metralhas” da FRELIXO em posição favorável, em detrimento do Erário Público... ACONTECE E NÃO DEVIA ACONTECER. Em Moçambique, a distância entre os mais ricos e poderosos e os mais pobres tem-se vindo a pronunciar. Basta atentar nos mais de 29 milhões de pobres existentes (98,5% da nossa população geral) e a cada vez mais inexistente classe média. Estas vincadas desigualdades radicam numa cultura de vivência e exercício do Poder pelo Poder, sem qualquer noção de partilha e sem qualquer sentido social (missão). O que é de lamentar...

Moçambique é um dos países mais pobres da CPLP, quiçá, dos PALOP´s, sensivelmente a par da África do Sul (IDH de 40). Será mera coincidência o sucesso económico comparado com países Europeus, designadamente, da Irlanda e o seu IDH de 28? Ao contrário do que ocorre, por exemplo, nos países nórdicos (já agora!), com um IDH muito equilibrado, em Moçambique o exercício do Poder Político é Unilateral, partindo-se do pressuposto de que pelo facto de o Poder ter sido outorgado através de eleições “fraudulentas” desde 1975, os (des)governantes da FRELIMO que tem estado “de pedra e cal” à frente dos Destinos do nosso País, podem fazer o que muito bem entendem, sem atender minimamente à opinião diversa da Sociedade que parece ter acordado finalmente...

Estudos já realizados constatam o elevado grau de tristeza e desmotivação geral dos cidadãos Moçambicanos de Norte a Sul, do nosso País. Urge, pois, repensar o uso do Poder nos países da CPLP e nas diversas organizações, incluíndo nos PALOP´s (repetimos)... Nestas últimas, os seus dirigentes devem adoptar comportamentos de liderança marcados por uma atitude transformacional no sentido de capitalizarem do melhor modo possível o principal activo organizacional ao seu dispor — as pessoas. É fundamental, de uma vez por todas, ultrapassar o paradoxo entre o discurso e a prática. Todos relevam a importância das pessoas, mas ninguém age em conformidade. Ou estamos errados?!...

Nos países da CPLP, e naqueles de que fazem parte os PALOP´s, em particular, é fundamental que se repense e revolucione o conceito de “participação” dos cidadãos na vida pública e nas decisões relevantes sobre a vida desses mesmos países e dos seus cidadãos. É chegado o momento de perceber que votar em eleições não é garantia de nada em concreto e que até pode estar a ser, cada vez mais, um acto legitimador de uma política de afastamento entre quem decide e quem paga a factura dessas decisões. Sobretudo quando “essas” Eleições acontecem e têm sido “fraudulentas” ao longo de 50 anos, como se verifica em Moçambique, pela mão da FRELIXO!!!...

A bem da Justiça, da Seriedade e da Moral, convém que passemos das intenções à prática e que se preze o caminho da INTEGRIDADE e da EQUIDADE, sem a que a Sociedade Moçambicana corra o risco de ficar refém de uns tantos viciados e deslumbrados pelo Poder — que é o caso do Presidente da República Daniel Chapo e dos seus Ministros de “trazer por casa” a começar pelos “Ministros” da SAÚDE e da ECONOMIA —, sem qualquer experiência política, gente incapaz e perigosa, que é o que acontece com este (?) Executivo do actual Governo em funções entre nós. Alguém tem dúvidas disso? É que os resultados (asseguramos nós!) estão bem à vista. E só não vê quem não quer ver...

2025/12/3