O PAÍS E O POVO QUE SE LIXEM

Afonso Almeida Brandão"

A situação política nacional está de tal forma viciada na propaganda e na luta político/partidária que é difícil saber quem fala e escreve a sério ou apenas dá execução a encomendas pré-fabricadas. Em que qualquer esforço de tentar pensar e agir com alguma racionalidade nas diversas áreas que afligem os moçambicanos se depara com a indiferença, na melhor das hipóteses com a controvérsia. Vejamos alguns exemplos.

ECONOMIA

O Ministro da Economia que não percebe nada de Política nem de Economia, foi dito por VM7 que nada percebe da Pasta para o qual foi nomeado, embora esteja a tentar “pintar” um quadro cor-de-rosa da economia do País, que nada tem a ver com a realidade e que deixa a dúvida de saber se estamos em presença de um iluminado que vê o que mais ninguém enxerga ou de um aldrabão. Confessamos que nos inclinamos para a segunda hipótese, porque nos parece impossível que alguém possa desconhecer que a produtividade Nacional caiu imenso nestes 10 anos da (des)governação de Filipe Nyuse; que a dívida pública continua a crescer em valor absoluto e os juros a subirem; que cerca de 76% de exportações sobre o PIB nos coloca na pior posição entre os países da CPLP (quiçá, dos parceiros da PALOP´s) da nossa dimensão e com pequenos Mercados Internos, que exportam o que se esforçam por exportarem e que não é nada de especial; que o rendimento per capita dos moçambicanos em unidades de poder de compra continua a afastar-se de todos os outros países da África Austral bem vistas as coisas, se excluirmos a África do Sul e Cabo Verde; que algumas das nossas Empresas correm o risco por fechar as portas durante alguns meses se a situação de Moçambique continuar no impasse em que se encontra; e que é bem possível que dentro de alguns, poucos, anos, feche de todo; que a dimensão de mais 90% das empresas existentes no nosso País é muito pequena, que estão principalmente vocacionas para o comércio, que na sua esmagadora maioria não exportam e que muitos dos empresários e trabalhadores sobrevivem com baixas qualificações e baixa produtividade; que as poucas mas embora as grandes e médias Empresas de qualidade Nacional vivem em Moçambique esmagadas por impostos; que o PRR e os restantes programas africanos de muitos milhares de milhões de euros estão encalhados e alguns especialistas da África Austral de uma maneira geral e também Moçambicanos há muito que consideram que são um caso perdido. Repetimos, como é possível que o Ministro que gere a Economia desconheça tudo isto?

EDUCAÇÃO

Vai começar um novo ano Lectivo com milhares de alunos sem todos os professores. Sabe-se há anos de que a contratação de novos professores é insuficiente e que as condições de acesso e de permanência no Ensino não são atractivas, que as negociações entre os responsáveis e o Sector e o Ministro se arrastam há anos e vem do tempo de Joaquim Chissano — sem que exista um qualquer plano de solução e que as greves dos professores vão continuar sem fim à vista e que a maioria das nossas Escolas vão continuar sem salas condignas e com os alunos sentados na esteira debaixo das árvores. Mais: as creches e o pré-escolar estão em crise com falta de vagas e de qualidade e mais de metade das crianças quando chegam ao Ensino Oficial, aos seis ou sete anos, já estão marginalizadas nos seus conhecimentos e competências relativamente aos seus colegas das famílias com melhor nível de vida, uma marginalização que fica para a Vida inteira, com consequências sociais e económicas para o País. A mesma questão, como é possível que este actual Ministro da Educação conviva com tudo isso e sem um sobressalto, antes passando o tempo a negar a Realidade e a criar soluções de fantasia, apesar de ter sido nomeado recentemente?!...

SAÚDE

Imperturbáveis, as notícias continuam a chegar das dificuldades dos serviços hospitalares, das mortes de moçambicanos ocorrida da desordem das sucessivas Manifestações de Pretexto do Povo pelos resultados das Eleições Presidenciais de Outubro de 2024; das longas esperas e das constantes mudanças de hospital em hospital, das listas de espera e da permanência das ambulâncias durante horas à porta dos hospitais.

Para além disso, temos as greves dos Médicos, Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares, que continuam perante a inutilidade das constantes conversas de família do Ministro da “treta” em causa que nada resolve, a não ser dizer “babuseiras” nas televisões e aos jornais. Além disso, o nomeado Ministro Hilário Isse faz planos, sem que tenha ainda o necessário plano para as suas próprias funções. A doença do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em Moçambique faz tempo que já passou a endémica, mas há quem não veja.

JUSTIÇA

Em Moçambique, a Justiça assemelha-se a um imenso “pipeline” por onde, de um lado, entram diariamente novos processos (sobretudo contra VM7) e, do outro, não sai quase nada. Embora ele também tenha movido «uma mão cheia» de processos, diga-se em abono da verdade. Ou seja, o tubo da justiça moçambicana vai engordando a cada dia que passa, até porventura rebentar. Até lá o investimento foge de Moçambique, os funcionários fazem greve e o Ministério da Justiça faz (aparentemente?) alguns fretes ao executivo para que nada aconteça. Entretanto, sob o signo “dê à justiça o que é da justiça”, e lembrar alguém que conhecemos em Portugal e que disse mais ao menos a mesma coisa — e a CORRUPÇÃO engorda e cresce.

HABITAÇÃO

Aparentemente o Governo da FRELIMO «chuxalista» ainda não compreendeu o problema do preço elevado das casas para comprar ou arrendar, porque o problema não é a falta de casas, pelo contrário, pelo menos em Maputo, Beira, Quelimane, Nampula ou Tete, onde existem no mercado milhares de casas. O problema são os custos elevados, seja pela via da oferta dos terrenos, dos custos elevados da construção, dos materiais e dos impostos, estes entre os mais elevados da CPLP. Ao mesmo tempo, o Estado possui milhares de edifícios e de terrenos abandonados, enquanto Moçambique tem o pior índice dos PALOP´s no que respeita à oferta de casas para habitação de origem pública. E já nem falamos dos preços das Rendas que ninguém fiscaliza. Mas mais, por via da indisciplina generalizada em que vivemos, as casas do Estado não têm a manutenção devida, os inquilinos deixam de pagar a renda, mas nada acontece. Assim, como é óbvio, a lei do Governo de Daniel Chapo de “Mais Habitação” é demencial porque parte do princípio que se pode fazer pela força o que não é feito pela economia de mercado existente em toda a restante CPLP.

E o responsável pelo Ministério da Educação claro que não dá por isso e sonha com uma economia a mando do Estado, do tipo da antiga União Soviética que esteve muito “em voga” entre nós. Ou alguém tem dúvidas?

FERROVIA

Igualmente, estes (actuais) (des)governantes sob a “bitola” do Presidente Chapo tem estado a pensar adoptar “a existente (?) hipótese” dos países vizinhos para a chamada modernização da Ferrovia em Moçambique, isolando o nosso transporte de passageiros e de mercadorias do resto do País e também além fronteiras, correndo o risco de perder a possibilidade de vir a obter os fundos Comunitários possíveis para a transição dum eventual sistema Ferroviário a nível da África Austral competitivo e com empresas eventualmente em concorrência por toda os países que fazem parte da CPLP, quiçá, dos PALOP´s, além de ambientalmente avançado e mais barato. E, por outro lado, é bom que se diga que já ninguém ninguém fala da LAM, a tal «Companhia de Aviação de Bandeira» e que continua a agonizar e à espera de uma provavel solução, algures,  «atrás do Sol Posto»... 

Em resumo: este (des)Governo de Daniel Chapo e de seus “Metralhas” inexperientes, parece-nos que de facto (ainda) não deram por isso e continuam a viajar «em contramão»... Ou antes a dormir?! Até quando?...

Entretanto, o que sabemos, é que “a política” de CHAPO para o País e para o Povo é do «deixa andar» e que se lixem todos, pois claro!...

2025/12/3