Moçambique precisa de passar à acção

Afonso Almeida Brandão"

A vitória de Daniel Chapo por maioria absoluta nas últimas eleições teve origens fraudulentas (e algumas de natureza conjunturais) e terá efeitos muito negativos no Progresso e Desenvolvimento de Moçambique no contexto dos países da CPLP. Nos próximos cinco anos, Moçambique continuará a sua evolução descendente dos últimos 10 anos, não temos dúvida, e estamos pronto a debater esta previsão com qualquer pessoa que o queira fazer.

A razão principal para a previsão reside no anterior Presidente da República no “poleiro” de nome Filipe Nyuse, ele próprio, porque tendo errado no desenvolvimento do País nos últimos dez anos, o seu sucessor vai certamente continuar a errar nos próximos cinco e as suas desculpas com as asneiras anteriores «chuxalista», nomeadamente com a Pandemia do COVID-19 e com a Guerra que persiste em Cabo Delgado e com o Tráfico de Droga que todos conhecemos, a verdade é que estas razões são falsas, porque todos os outros países que constituem os PALOP´s tiveram de enfrentar a mesma Pandemia, a mesma guerra com melhores resultados do qual citamos, nomeadamente o combate ao Tráfico de Diamantes e da Droga, por parte de Angola (a título de exemplo), além do derrube da UNITA e de Eduardo dos Santos do MPLA e da sua Família do “poleiro”... em Luanda.

Daniel Chapa agora é a pessoa errada para dirigir Moçambique na actual conjuntura e a razão principal estará, porventura, na sua formação e da sua diminuta experiência política. Foi criado no seio de uma família com fortes convicções de esquerda (segundo dizem) e, não sendo Comunista, absorveu muitos dos mitos do Comunismo pró-Socialista, a mesma fé nas soluções sociais e a mesma ignorância sobre as mais que estudadas regras do desenvolvimento económico. A sua preferência pelo Partido FRELIXO Comunista-Socialista nos últimos cinco décadas é o resultado dessa sua formação, como o é a sua arrogância muito «chuxalista» Frelimista com a esquerda e em particular com a FRELIMO à qual está ligado. Há que recordar certamente o seu anterior Presidente e amigo Filipe Nyuse, a quem recentemente Chapo prometeu uma certa mordomia (e não só!) e com notável crueldade, acabaria por não cumprir nada do que prometeu, acabando por “desterrar” o seu “amigo” para Cabo Delgado, enquanto o actual Presidente, agora no “poleiro”, está tranquilo com a ausência do seu “ante-sucessor” colocado à distância...

Alguns Analistas ditos Políticos da “nossa praça” têm errado e continuam a errar quando persistem em eleger a falta de coragem da governação (ou da desgovernação) dos três ex-Presidentes da República porque não é verdade, ou seja, todos eles deixaram o nosso País na ruína e na pobreza extrema. E o que nos espanta ainda mais é o facto de que alguns destes Analistas da “treta” venham a opinar com desconhecimento gritante de que o problema dos Primeiro-Ministros que foram nomeados não se deveu à sua falta de coragem, mas à sua ignorância económica, à sua falta de seriedade intelectual e de racionalidade organizativa. Tal como o Partido no Poder desde 1975, Chissano, Guebuza, Nyuse e agora Daniel Chapo acreditam nas manhãs que cantam e no mesmo determinismo histórico, ou seja, nos bons efeitos sem causas.

Acreditam ainda nos Fundos Comunitários (e das “esmolas” que recebem!) e que estão a ditar a sua sobrevivência política. Ou alguém tem dúvidas disto? Tal como nos regimes pró-Comunistas e Socialistas, Daniel Chapo acaba (também ele) de criar “a sua elite” de “aparachiques” semelhantes e copiou, provavelmente sem a plena consciência do facto, a mesma relação entre as grandes (?) Vitórias obtidas e a Realidade. Claro que a violência dos regimes Comunistas e Socialistas, ou afiliados, não faz parte da nossa cultura e dos bons costumes Moçambicanos na sua generalidade, todavia existe a mesma capacidade de sofrimento e o mesmo conformismo que permitiu a longevidade do regime soviético e também da FRELIMO, ao longo dos últimos 50 Anos.

É evidente que a FRELIMO é um Partido Democrático que esteve na linha da Frente da Luta pela Libertação do nosso País e na tentativa falhada de incrementar a Democracia em Moçambique. Contudo, a relação entre a FRELIMO de Samora Machel e a FRELIMO destes ultimos três Presidentes e agora de Daniel Chapo, é hoje uma lenda (ou antes uma miragem!) de que apenas resta o símbolo samorista de alguns tantos resistentes sérios na AR, eleitos para o efeito, quer da FRELIMO, da MDM e da RENAMO. Dito isto, acredito que o «chuxalismo» da FRELIMO possa constituir um perigo para a continuidade da defeituosa (dita) Democracia Moçambicana, e corre o risco de limitar-se apenas a não tirar partido das virtualidades das verdadeiras democracias liberais. Ou estaremos enganados? Oxalá que sim!

Entretanto, reconheço que Chapo não deixa de ter naturalmente qualidades óbvias, algumas herdadas da sua formação, como a sensibilidade social, a sua preocupação, que reputo sincera, com os mais desfavorecidos, uma certa determinação na conquista dos seus objectivos e mesmo alguma capacidade de liderança. Todavia, falta-lhe completamente a VISÃO que determina a acção dos grandes líderes, o conhecimento da economia e das diferentes formas de criação de riqueza e a cultura empresarial é para ele desconhecida (ou antes suspeita?), bem como inexistente a capacidade de analisar e compreender o sucesso dos outros países. Aliás, já no ano 2000, quando indicamos aos Frelimistas o exemplo da África do Sul de Nelson Mandela, a incompreensão foi geral e a aprendizagem nula.

Recentemente, a FRELIMO depois de muitos meses a ser pressionado pelo facto de outros países africanos nos estarem a passar à frente, lá sentiu a necessidade de uma explicação: as causas seriam a Educação e a Geografia, dado que esses países estão próximos de Portugal (refiro-me, naturalmenete, aos países Europeus), uma verdade e um provincianismo na mesma resposta. É verdade que o melhor nível educativo desses países está na origem do seu sucesso económico, mas seria preciso completar a afirmação com a convicção de um determinado modelo educativo, que não seja o do facilitismo moçambicano, acompanhado da explicação sobre as causas do “grande sucesso” da Educação, Saúde, Emprego, Habitação em Moçambique depois do 25 de Julho de 1975 não ter conduzido aos mesmos resultados. Já lá vai meio século e é necessária essa explicação.

Quanto à Geografia, é só ignorância ou efabulação, ou as duas coisas juntas. Será que agora Daniel Chapo não sabe que hoje vivemos numa Economia Global e que Moçambique e os Países que constituem a CPLP possuiem uma das melhores localizações do planeta nas rotas do Índico e do Atlântico, entre os dois maiores mercados mundiais de Africa do Sul e alguns dos países dos PALOP´s, nomeadamente Cabo Verde e Angola e com uma logística marítima sem rival? Será que a dimensão económica do seu pensamento parou, algures? E será que não sabe que estamos a perder alguns bons investimentos internacionais para o País Vizinho, apenas porque não temos uma ligação Ferroviária para as fábricas da Africa do Sul? Ou não sabe prever que, mais tarde ou mais cedo, corremos o risco de  perdermos algumas das maiores empresas sediadas em Maputo, Beira, Quelimane, Nacala, Nampula e Tete, a título de exemplo, pelos mesmos motivos?

A ignorância e a insensibilidade económica dos anteriores Presidentes da República e mesmo do actual levaram Daniel Chapo a acreditar no pensamento mais ou menos delirante do seu novo Ministro da Economia. Todavia sem compreender que esse pensamento entra em rota de colisão com a cultura minimalista, ambientalista e não industrialista hoje existente na FRELIMO «chuxalista». Ninguém na FRELIMO passou pela Indústria, nem mesmo o seu Ministro da Economia, para perceberem que apenas a Educação e a Industrialização poderão parar este longo ciclo de empobrecimento do nosso País.

Assim, uma das razões porque vaticinamos o insucesso de Daniel Chapo nos próximos cinco anos reside no facto do Plano de Restruturação e Resiliência (será que ele existe?) venha a disparar em todos os sentidos, sem efeitos permanentes no processo de crescimento e desenvolvimento da nossa Economia. Será sempre o resultado dos “aprendizes de feiticeiro” que lhes estiveram na origem. Talvez que o exemplo mais delirante seja a África do Sul a transportar hidrogénio para alguns países de África, mas outros exemplos não faltam. Moçambique precisa de passar à Acção e isso tarda acontecer. Esperemos que aconteça no presente Mandato de Daniel Chapo.

2025/12/3