Afonso Almeida Brandão"
Mais uma vez Moçambique não esteve presente e pagamentos não são só pagamentos. São economia! Bem sei que em Portugal temos a fama de ser um País muito avançado no que toca a pagamentos, mas basta sair deste «cantinho à beira mar plantado» para perceber que essa fama é já mesmo só fama. O Mercado é cada vez mais Global e a necessidade de criar soluções Europeias — incluindo também os países que fazem parte da CPLP , quiçá, PALOP´s e da África Austral —, Globais, uniformes, enfim, é uma pressão constante. Porém, Portugal tem de facto imenso talento e Portugal tem de querer fazer parte da estratégia de pagamentos europeia. Não basta andar a reboque do que a União Europeia quer fazer, para não falar dos países que constituem a África Austral, a CPLP e os PALOP´s. Pagamentos não são só pagamentos. São Economia! E abrange os mais variados Sectores a começar também pela Agricultura e pela Agro-Ambiental, à qual a Revista TERRA se integra e previlegia. E o mesmo podemos dizer sobre os PALOP´s (da qual Moçambique faz parte) e do Continente Africano de uma forma global. Contudo, todos eles não estão (nem estiveram presentes) e nem fizeram nada-de-nada para estarem representados com os seus strand´s, bem vistas as coisas. E isso é factor que nos surpreende bastante... Qual é a explicação, Senhores do Governo da FRELIMO, no que toca a Moçambique e sobretudo às áreas da Agricultura e da Agro-Ambiental de que somos férteis e com potencial? No início do mês de Junho último, a cidade de Amsterdão (na Holanda) foi o epicentro da inovação financeira global com a realização da conferência «Money20/20 Europe». Além de termos estado presentes como Jornalistas, durante três dias, múltiplas sessões de debate aconteceram em simultâneo, juntando mais de 8.500 Líderes de Fintechs, Bancos, reguladores e gigantes tecnológicos. Apesar dos imensos riscos e exigências, o Mercado dos Pagamentos continua a dar sinais de crescimento e é sem dúvidas um Sector que Valoriza a inovação e acelera a Economia. Foram muitas as marcas da indústria de pagamentos que apostaram as suas fichas para estarem presentes neste Evento, e desta vez, Portugal deu alguns sinais vitais (aleluia!). Contou com a presença da Instituição de Pagamentos, «Eu Pago», bem como com a ANIPE, que foi convidada a participar numa mesa redonda sobre “Policy Exchange/Crossborder Payments”, tendo sido a Associação Nacional de Instituições de Pagamento e Moeda Electrónica representada pelo seu Presidente, João Câmara, para contribuir para a partilha de conhecimento num debate aceso entre vários “players” europeus. Pela primeira vez, assistimos à presença de um “stand” da AICEP, a promover Portugal como palco receptor de Fintechs (empresas que recorrem à Tecnologia para desenvolver serviços financeiros), atraindo assim Investimento para o País. Poderá ter sido um primeiro passo para Portugal (no caso concreto!) no facto de ter querido estar presente e competir e mostrar-se ao Mundo como um potencial palco para se desenvolver na Indústria de pagamentos electrónicos? De facto, talento em Portugal, na CPLP, quiçá, PALOP´s TALENTO e QUALIDADE são factores que não faltam, convém dizer e reconhecer. São vários os Países que investem para se mostrar neste Evento, competir saudavelmente neste espaço, conquistar e mostrar o que se faz de melhor em cada um do seu País. Portugal, no que tem que ver com a forma de se evidenciar, tem ainda um longo caminho a percorrer, porém esta presença foi sem dúvida um bom sinal. Este evento destacou-se por discutir temas cruciais para o Futuro das Finanças Digitais, com forte foco na Inteligência Artificial, Identidade Digital, Inclusão Financeira, e Sustentabilidade. Um dos temas centrais foi a rápida evolução da Inteligência Artificial generativa e o seu impacto no Sector Financeiro. Tivemos pena de não termos presenciado no Evento nenhum dos Países da CPLP (a começar por Moçambique). Durante vários painéis, especialistas debateram como modelos de Inteligência Artificial (IA) estão a transformar operações bancárias, desde o atendimento ao Cliente até à deteção de fraudes. Empresas como a Klarna, Revolut e Stripe partilharam casos concretos de uso da IA para personalização de serviços, automação de “compliance” e melhoria de avaliação de crédito. Rahul Patil (da tripes) destacou o uso crescente da IA em áreas como detecção de fraudes, abertura de contas e personalização de serviços. David Sandstrom (da Klarna) revelou que o assistente de IA da empresa já gere dois terços das interações com Clientes a nível Global, permitindo assim melhorar simultaneamente a experiência e reduzir custos operacionais. No entanto, também se discutiram os riscos associados ao uso desta Tecnologia, nomeadamente a necessidade de Regulação Ética e a Implementação de Princípios de “IA responsável” para o Sector Financeiro. As vantagens da IA são evidentes, mas o risco de MAU USO é também uma realidade carregada de riscos que têm que ser mitigados para dar a confiança suficiente. Também a evolução da “user experience” foi um dos tópicos em discussão. Em suma: o caminho dos PAGAMENTOS vai sendo trilhado para uma experiência do utilizador em que cada vez mais se pretende que os pagamentos sejam invisíveis — ou seja, transações sem fricção, muitas vezes integradas em experiências digitais mais amplas. Com a proliferação de dispositivos conectados e “super apps”, empresas como a Amazon Pay e a Adyen discutiram o Futuro das Carteiras Digitais, que caminham para uma integração completa com identidades digitais e dados biométricos. Também o potencial dos protocolos de comunicação automática entre Bancos e Instituições Financeiras e os próximos passos com a regulamentação “Payment Service Directive 3” estiveram na ordem do dia das sessões em debate, apontando para novas estratégias de monetização e maior controlo por parte das Instituições Bancárias. E a verdade é que Moçambique não esteve presente nem nenhum outro País da CPLP e o acontecimento em si passou-lhe ao lado, ou melhor, Moçambique esteve “a leste” deste importante Evento... Nos dias que correm, todos os Serviços Financeiros estão alicerçados nas ferramentas que as novas tecnologias nos oferecem. Desde logo no processo de abertura de conta — e por isso mesmo também o debate sobre a identidade digital soberana voltou à ordem do dia, com destaque para soluções baseadas em tecnologias blockchain e Web3. Reguladores europeus, juntamente com representantes da Comissão Europeia, abordaram o progresso do European Digital Identity Wallet, previsto para implementação em larga escala em 2026 próximo. Os desafios são imensos e o prazo de 2026 parece-nos demasiado optimista, mas para o cumprimento das exigências a que as Instituições Financeiras estão obrigadas, a existência de uma solução de Identidade Europeia, Digital e Verificada será seguramente uma ferramenta muito bem vista, que não só acelera «os processos de compliance», como reduzirá muitos custos e trará maior segurança a todos. E neste âmbito foram várias as empresas “Startups” e “scale-ups” que apresentaram soluções descentralizadas que permitem aos utilizadores controlar os seus dados pessoais, promovendo Privacidade, Segurança e Interoperabilidade num Cenário Financeiro aparentemente cada vez mais fragmentado. Também a sustentabilidade continua a dar que falar. Desde a medição da pegada de Carbono de transações até ao Financiamento Verde, são várias as instituições que apresentam estratégias para alinhar os seus produtos com os critérios ESG (Environmental, Social and Governance). Não é um tema novo, mas continua a ser central para o Mercado Financeiro. Por último, destacamos um tópico que nunca falta no Money2020: a inclusão financeira e a diversidade de género e étnica na liderança das empresas de fintech. O palco “RiseUp” deu voz a fundadoras e líderes emergentes que desafiam o «status quo». Sublinhou-se a importância de criar produtos financeiros pensados para populações tradicionalmente excluídas, desde migrantes até comunidades sem acesso a bancos. Esta edição de 2025 da «Money20/20 Europe» consolidou-se como muito mais do que uma feira de “networking” e tecnologia. Foi também o momento de grandes anúncios, como: a SoftBank investiu 40 milhões de dólares na NomuPay para acelerar pagamentos entre a Ásia e a Europa; o Deutsche Bank e a Mastercard lançaram uma solução “pay by bank” para comerciantes; a Klarna testou nos EUA um cartão híbrido de débito e BNPL (Buy Now, Pay Later) em parceria com a VISA. Mas mais do que isso. Tornou-se um fórum de decisões estratégicas, onde todo o sector se encontra (e encontrou) onde se definem/definiram as Fronteiras da próxima década Financeira. Com os vários sectores a evoluir a um ritmo vertiginoso, o debate equilibrado entre inovação, ética e impacto social mostrou-se mais relevante do que nunca. Portugal deu sinais ligeiros de que pretende acompanhar o debate Europeu. Mas tal não basta. Este é um Mercado que se desenvolve rapidamente e cujos impactos na aceleração da Economia são claros e evidentes. Nos últimos anos, Portugal tem perdido oportunidades. E o mesmo acontece à CPLP, PALOP´s e África Austral. Não mostram o que têm de bom, não promovem as suas Empresas, não promovem os seus talentos, não transpõem as Directivas Europeias a tempo e horas, os reguladores da maioria dos Banco quer de Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor e mesmo da África do Sul não são dos mais ágeis a actuarem em comparação com outros Bancos Europeus, e Portugal e os Países que acabamos de inumerar continuam «a não se sentar na mesa dos crescidos», para definir a estratégia. E Moçambique, em termos particures e de presença não «foi tido nem achado». Mais uma vez... ... Ser protagonista no Desenvolvimento da Regulação e Inovação Europeia na Área Financeira, e de Pagamentos em Particular, é fundamental para que Portugal, a CPLP, os PALOP´s e a Africa Austral, consigam acompanhar o ritmo. Ora isto como não acontece na maioria dos País que citamos a título de exemplo, pois pagamentos não são sobretudo com os Países Africanos e os atraso são por isso mesmo «a perder de vista», porque os gastos são feitos descontroladamente em viagens, mordomias excessivas, presentes descabidos, vencimentos exorbitantes e REGALIAS inexplicáveis que são dados aos nossos (des)Governantes e à maioria dos nossos Deputados da “treta”, a começar pelos Partidos Moçambicanos, além de outros gastos inaceitáveis a «olhos vistos» a todos aqueles que têm assento parlamentar nas respectivas AR dos seus Países, além dos “golpes” regulares que são dados sistematicamente ao Erário Público de todos eles, sem excepção...2025/12/3
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